As práticas de controle e punição na sociedade escravista cafeicultora do Brasil oitocentista: uma análise à luz do pensamento de Michel Foucault

Autores

  • Marcelo Ferraro Sem Registro de Afiliação

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v0i0p7-42

Palavras-chave:

Escravidão, Foucault, Punição, Século XIX, Brasil Império

Resumo

O presente artigo se propõe a analisar as práticas de controle e punição na sociedade escravista à luz dos estudos e categorias de Michel Foucault, comparando três contextos: a Casa de Correção da Corte no Rio de Janeiro, as grandes plantations escravistas do Vale do Paraíba, e as casas de câmara e cadeia dos núcleos urbanos dessa mesma região. O artigo se desenvolve em três partes, cada qual correspondente a um dos três contextos e espaços. A primeira estabelece um diálogo com Andrei Koerner e seus estudos sobre as práticas punitivas e os saberes jurídicos na sociedade escravista brasileira. A segunda remete aos estudos de Rafael de Bivar Marquese sobre as plantations escravistas da cafeicultura do Vale do Paraíba, e sobre as teorias agronômicas e de administração do trabalho escravo do século XIX . Por sua vez, a terceira parte apresenta uma interpretação da permanência das casas de câmara e cadeia nos núcleos urbanos do interior do território no século XIX. A comparação entre os diferentes estudos a partir das contribuições teóricas de Michel Foucault oferece novas possibilidades interpretativas sobre a sociedade escravista do Império do Brasil.

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Publicado

2013-10-12

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

As práticas de controle e punição na sociedade escravista cafeicultora do Brasil oitocentista: uma análise à luz do pensamento de Michel Foucault. (2013). Epígrafe, 7-42. https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v0i0p7-42