RISCO E PROTEÇÃO PARA O ENGAJAMENTO DE ADOLESCENTES EM PRÁTICAS DE ATOS INFRACIONAIS

Autores

  • Maria Angélica de Souza da Silveira Universidade Federal do Amazonas UFAM.
  • Maria Cristina Maruschi Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
  • Marina Rezende Bazon Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto/USP

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.46699

Palavras-chave:

adolescente, risco, proteção, desenvolvimento social.

Resumo

A adolescência é uma fase crucial do desenvolvimento humano, mas também é vulnerável devido à exposição a fatores de risco associados ao desenvolvimento de problemas adaptativos. No presente estudo objetivou-se apreender e descrever a experiência de adolescentes quanto à exposição a fatores de risco e de proteção no tocante ao desenvolvimento de comportamentos de risco, especificamente à conduta infracional, considerando informações em domínios destacados na literatura: família, desenvolvimento psicológico/atitudes/comportamento social, escola, relação com pares/ amigos, lazer/uso de álcool/drogas. Vinte e quatro adolescentes do sexo masculino foram entrevistados, sendo 12 deles considerados com boa adaptação social (recrutados em escola pública) e 12 apresentando conduta delituosa (recrutados em audiência de apresentação à Promotoria Pública, devido ao indiciamento policial por autoria de ato infracional). Visou-se dar relevo às variáveis que parecem agir no sentido de fomentar respostas desadaptativas, atuando como fator de risco, ou no de garantir respostas adaptativas, atuando como fator de proteção frente às adversidades. Os dados coletados foram submetidos à Análise de Conteúdo. Os resultados indicaram que os adolescentes com boa adaptação social, embora submetidos a fatores de risco, principalmente no âmbito da família, seriam expostos a mais fatores de proteção que os adolescentes infratores, especialmente no contexto escolar. Este grupo pode ser considerado, portanto, especialmente vulnerável devido à ausência de fatores proteção. Esse aspecto deve ser considerado por programas de intervenção de prevenção na área.

Biografia do Autor

  • Maria Angélica de Souza da Silveira, Universidade Federal do Amazonas UFAM.
    Pedagoga – Mestranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Amazonas UFAM. Localizada nos altos do Bloco Rio Uatumã, Campus Universitário
  • Maria Cristina Maruschi, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
    Psicóloga – Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Mestre em Ciências: Psicologia, Departamento de Psicologia e EducaçãoFaculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
  • Marina Rezende Bazon, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto/USP
    Professora Doutora – Depto. de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto/USP

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Publicado

2012-10-31

Edição

Seção

Artigos Originais