Ambientes facilitadores (im)possíveis: os espaços da família em Normal People, de Sally Rooney

Resumo

A partir do conceito de ambiente facilitador suficientemente bom desenvolvido pelo pediatra e psicanalista D. W. Winnicott, este artigo tem como objetivo analisar as relações familiares narradas no romance Normal People, de Sally Rooney. Através do contraste de experiências, a autora desenvolve dois ambientes familiares distintos — para Connell Waldron, o espaço é acolhedor, enquanto para Marianne Sheridan, é marcado pela violência. Essa escolha narrativa permite reflexões sobre os impactos desses espaços no processo de emancipação dos protagonistas. Eles iniciam um relacionamento no último ano do ensino médio e, entre altos e baixos, permanecem na vida um do outro até o final da faculdade, quando precisam navegar por caminhos separados. Por meio dos diálogos entre os protagonistas e das informações fornecidas pelo narrador em terceira pessoa, que alterna entre os dois pontos de vista, este artigo pretende analisar como a dinâmica familiar de cada personagem influencia na autopercepção e nas escolhas que fazem ao longo dos quatro anos abordados no romance.