O direito de olhar a partir de Foucault, Spivak e Mbembe
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2178-0447.ars.2020.169553Palavras-chave:
Visualidade, subalternidade, necropolítica, invisibilidadeResumo
Este ensaio adota o pensamento foucaultiano como base para propor um recuo teórico em torno da noção de “direito de olhar” enquanto reivindicação de uma posição nas lutas sobre “como ver”. Após contextualizar o certame, reviso dois textos pontuais que cotejam Foucault: Pode o subalterno falar?, de Gayatri Spivak, e Necropolítica, de Mbembe. Do primeiro, depreendo a ideia geral de que o direito de olhar é o contrário do direito de “ver sem ser visto”. Do segundo, deduzo uma função de opacidade e de gestão da invisibilidade que a necropolítica exerce em conjunção com a biopolítica. Por fim, sustento que, se todo “ver” depende de um “não ver”, o direito de olhar reivindica uma posição que está sempre por construir.
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