As rochas ultrabásicas apresentam grande interesse no plano dos estudos dos fenômenos da alteração superficial, principalmente nos domínios da geoquímica e da metalogênia. Do ponto de vista geoquímico, a pobreza em alumínio apresentada por estas rochas, permite situá-las dentro de uma série geoquímica bem particular, a série sifêmica, onde os elementos essenciais são: silício, magnésio e ferro. Neste caso, a alteração superficial deixa de ser regida como de hábito, pelo comportamento dinâmico da sílica e do alumínio, e passa a ser controlada, principalmente, pelo comportamento do silício e do magnésio. O objetivo do presente trabalho, foi caracterizar os primeiros estádios de meteorização das rochas ultrabásicas serpentinizadas de Barro Alto, quando a influência da rocha original se faz sentir de maneira marcante. Com esta finalidade foram estudadas as fases residuais de perfis de alteração bem drenados e pouco evoluídos, situados em posição de rupturas de encostas, onde os efeitos erosivos provocam o desenvolvimento de solos pouco espessos, que ocorrem diretamente sobre um manto de rocha alterada (saprolito) de espessura variável, devido ao desenvolvimento de superfícies tipo cársticas na meteorização da rocha. Do ponto de vista mineralógico os perfis estudados apresentam em contato com a rocha parcialmente alterada um saprolito heterogêneo, onde os núcleos de olivina existentes na rocha original, desapareceram completamente, deixando cavidades vazias ou parcialmente preenchidas por materiais amorfos. Esses podem evoluir com o tempo, apresentando intensa dessilicificação e formação de goethita. Os piroxênios foram alterados intensamente, dando origem ao talco e liberando o ferro, que permanece no perfil formando produtos amorfos ou goethita. Quartzo e clorita, inexistentes na rocha serpentinizada, são abundantes neste horizonte, sendo sua origem talvez ligada, pelo menos parcialmente, a ação de soluções hipógenas. Nos horizontes superiores, sobrejacentes ao saprolito, a clorita começa a se alterar muito lentamente, dando origem a interestratificados clorita-smectita, apresentando ligeira expansão. Os minerais do grupo das serpentinas (antigoritas) praticamente desaparecem do perfil, permanecendo o talco, que apresenta grande estabilidade nas condições superficiais. Goethita passa ser o principal mineral desses horizontes. A cromita e os demais opacos quase não são atingidos pelos efeitos da meteorização, sofrendo concentrações residuais nos horizontes superiores. Do ponto de vista geoquímico, a evolução do perfil em suas fases iniciais, se caracteriza por apresentar um enriquecimento de ferro trivalente, associado a uma eliminação marcante da sílica e quase total do magnésio. Este elemento ainda permanece nos horizontes superiores, ligado à presença de cloritas magnesianas. O níquel apesar de apresentar elevados teores em todos os horizontes do perfil, não chega jamais a estruturar-se num mineral autônomo, continuando portanto, a exibir um comportamento típico de elemento-traço. Sua ligeira concentração nos horizontes inferiores de alteração está relacionada à grande porcentagem de produtos amorfos existentes no saprolito, que provocam a fixação do níquel por fenômenos de adsorção, e às condições físico-químicas aí existentes, que pennitem sua insolubilização.