O microclima das tocas do roedor fossorial Ctenomys pearsoni Lessa & Langguth, 1983, foi estudado na zona de Carrasco, Uruguay (34º52'S, 56°04'W). No decorrer de um ano, foram feitas amostragens mensais da temperatura das tocas. Foram obtidas, na comparação com a temperatura exterior, diferenças significativas em dez amostragens (test t., P<0.01 a 0.001); em duas delas, as que correspondem aos meses temperados (março e novembro), não foi observada diferença alguma. A humidade relativa nas tocas é muito elevada (93.34+ou-5.69) e, em relação com a do exterior (69.7+ou-8.34), é significativamente diferente (Kolmogorov Smirnov, P<0.01). Para regulação do micro-clima, Ctenomys pearsoni desenvolve um conjunto de estratégias etológicas que chamamos comportamentos de homeostase. Entre elas destacam-se o permanente fechamento da abertura, a reparação dos danos naturais nos sistemas de galerias e a orientação das entradas preferencialmente em direção oposta ao vento (P<0.05). São estabelecidas algumas considerações sob a importância destes aspectos eco-etológicos em relação com a distribuição geográfica e ecológica dos "tucu-tucus" e seu êxito evolutivo.