Sofrimento e adoecimento no trabalho precarizado e sua relação com o desmentido (Verleugnung)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.cpst.2024.197642Palavras-chave:
Desmentido, Trauma, Precarização do trabalho, Saúde do trabalhadorResumo
Este trabalho tem como objetivo compreender como se opera o desmentido (Verleugnung) no processo de produção do sofrimento e do adoecimento laboral, a partir da análise de um contexto de trabalho precarizado. Este remete às indústrias de abate e processamento de carnes, setor amplamente reconhecido na literatura científica pelo processo de exploração laboral e adoecimento de seus trabalhadores. O método empregado foi o da pesquisa qualitativa, com entrevistas semiestruturadas realizadas com 18 trabalhadores das indústrias. As análises foram feitas com base na Teoria Fundamentada nos Dados. Compreende-se que, no contexto laboral em que os trabalhadores participantes do estudo estavam inseridos, o sofrimento e o adoecimento passavam por um processo de desmentido que enredava diferentes pessoas com papéis distintos, como chefias, colegas, profissionais de saúde, os próprios trabalhadores adoecidos e seus familiares, bem como organizações e instituições, assumindo uma dimensão traumática. Conclui-se que o desmentido permeia os modos de trabalho e as novas modalidades de laço social no capitalismo neoliberal.
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