Chamada aberta para o nº 40: A sala de aula como laboratório: Experiências no ensino de literatura

Como ensinar a literatura, que se quer subversão, com a fala do professor, que se quer lei? Ou quais as contradições que surgem em tentativas de ensinar a subversão? Este colóquio deseja construir um arquivo de experiências do encontro incerto entre a literatura e a sala de aula. O objetivo é analisar riscos e possibilidades presentes no ato de ensinar textos literários, levando em conta aspectos como:

• mudanças em práticas e tecnologias de leitura (suportes, hábitos, repertórios, pressupostos);
• a nova economia da atenção;
• avanços na comodificação do conhecimento e da cultura;
• alterações na composição dos corpos discente e docente (com consequências para a abordagem em sala de questões de gênero, raça, sexualidade e classe).

 Esperamos associar esse conjunto de temas a aspectos materiais da prática de ensino, tais como:

• a preparação de uma aula e de um curso;
• a relação entre um programa, um roteiro, anotações e o improviso;
• modos de começar e terminar uma aula ou um semestre;
• relações entre escrita e oralidade, pensamento e voz, corpo e expressão;
• o uso de diferentes gêneros discursivos em sala de aula (a explicação, a anedota, o relato autobiográfico, a piada e o deboche, a pergunta e a resposta, a digressão, a confissão, o resumo, a interrupção, o silêncio e a escuta);
• formas de avaliação (trabalhos acadêmicos, produções audiovisuais, textos autobiográficos, escrita experimental).

No contexto de uma reflexão sobre o aspecto artesanal do ensino do estudo de literatura, esperamos explorar semelhanças e diferenças entre a pedagogia, a ficção e práticas performáticas, bem como dissonâncias entre a linguagem literária e convenções de argumentação que prezam a clareza, a síntese, a linearidade, a conclusão e a definição clara de um objetivo.

 

Claudia Amigo Pino (Letras Modernas – USP)

Marcos Natali (Teoria Literária e Literatura Comparada – USP)

 

Submissões até: 31/08/2024