A revalorização filosófica da visão comum de mundo segundo Porchat e o equilíbrio reflexivo e a solução de problemas em metafilosofia
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2318-8863.discurso.2020.181246Palavras-chave:
Oswaldo Porchat, Equilíbrio reflexivo, Enfoque de solução de problemas, Fenômeno, Filosofia da Visão Comum de Mundo, Vida Comum, Neopirronismo, MetafilosofiaResumo
Neste texto investigamos a compatibilidade entre o ceticismo de Oswaldo Porchat (em suas duas fases: a filosofia da Visão Comum de Mundo e o neopirronismo) e outras duas ideias metafilosóficas gerais, a saber, o equilíbrio reflexivo e a visão de solução de problemas. Procuramos mostrar de que modo o ceticismo e as outras duas ideias são compatíveis e iluminam-se mutuamente, e sugerimos uma articulação entre elas. O equilíbrio reflexivo ajuda a compreender a relação de uma filosofia cética e pós-cética, primeiro, com a vida comum e, depois, com o domínio fenomênico. O enfoque de solução de problemas é a perspectiva metafilosófica resgatada por Porchat em sua fase neopirrônica. Mostramos que, se na primeira fase do ceticismo porchatiano, o que está em equilíbrio com a vida comum ainda são teses filosóficas (não dogmáticas, mas que tenham como condição de contorno o lastro na vida comum), na segunda fase o que se pretende que esteja em equilíbrio com o domínio fenomênico é outro tipo de unidade epistêmica — os problemas, nomeadamente, aqueles problemas filosóficos que sejam passíveis de retradução a esse domínio fenomênico e oriundos de uma dinâmica de certo tipo. Para levar a cabo a análise, é crucial investigar as noções de fenômeno e de objetividade em Porchat. O texto se encerra com considerações sobre o lugar do conhecimento científico na visão de Porchat.
Downloads
Referências
Abrantes, P. (2016). Imagens de natureza, imagens de ciência. 2ª. ed. Revista e am-pliada. Rio de Janeiro: EdUERJ.
Blachowiz, J. (1997). “Reciprocal justification in science and moral theory”. Synthese v. 110, n. 3, p. 447-468.
Bolzani, R. (2012). “Oswaldo Porchat, a Filosofia e algumas ‘necessidades de es-sência’”. Sképsis, v. V, n. 8, p. 5-43.
Carman, C. C. (2005). “’Realismo científico’ se dice de muchas maneras, al menos de 1111: una elucidación del término ‘realismo científico’”. Scientiae Studia, v. 3, n. 1, p. 43-64.
Davidson, D. (1991). “On the very idea of a conceptual scheme”. In: Davidson, D. Inquiries into Truth and Interpretation, p. 183-198. Oxford: Clarendon Press.
González P. M. A. (2007). A filosofia a partir de seus problemas: Didática e metodo-logia do estudo filosófico. São Paulo: Loyola.
Granger, G. (1989). Por um conhecimento filosófico. Trad. por Constança M. Cesar e Lucy M. Cesar. Campinas: Papirus.
Loparic, Z. (2002). A semântica transcendental de Kant. 2a. ed. rev. Campinas: CLE-UNICAMP.
Meyer, M. (1995). Of Problematology: Philosophy, Science, and Language. Tradução de D. Jamison e Alan Hart. Chicago / London: The University of Chicago Press.
Moser, Paul K.; Mulder, Dwayne H. & Trout, J. D. (2008). A teoria do conheci-mento: Uma introdução temática. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: WMF Martins Fontes.
Neurath, O. (1983). “Protocol statements”. In: Neurath, O. (1983), p. 91-99. Publicado originalmente em Erkenntnis v. 3.
Neurath, O. (1934/1983). “Radical physicalism and the ‘real world’”, in: NEU-RATH, O. (1983), p. 100-114. Publicado originalmente em Erkenntnis v. 4, p. 346-362, 1934.
Neurath, O. (1983). Philosophical Papers, 1913-1946 - With a Bibliography of Neu-rath in English. R. S. Cohen e M. Neurath (ed.). Dordrecht: Kluwer Academic Publishers.
Popper, Karl R. (1994). “A natureza dos problemas filosóficos e suas raízes cientí-ficas”. In: Popper, Karl R. Conjecturas e refutações. Tradução de Sérgio Bath. 3a. ed. Brasília: Editora da UnB.
Porchat, O. (1997). “O ceticismo pirrônico e os problemas filosóficos”. Principia, v. 1, n. 1, p. 41-107. (CPPF)
Porchat, O. (1975/1993a). “A filosofia e a visão comum de mundo” In: Porchat Pereira (1993), p. 46-95. Publicado originalmente em Manuscrito, v. III, n. 1. (FVCM)
Porchat, O. (1975/1993b). “Prefácio a uma filosofia”. In: Porchat Pereira (1993), p. 22-45. Publicado originalmente em Discurso n. 6, p. 9-24. (PF)
Porchat, O. (1992/1993/2007). “Sobre o que aparece”, in: Porchat Pereira (1993), p. 166-212. Publicado originalmente em Discurso n. 19, p. 83-121. Reeditado em Sképsis, v. 1, n. 1, p. 7-42. (SQA)
Porchat, O. (1993). Vida comum e ceticismo. São Paulo: Brasiliense, 1993.
Porchat, O. (1995). “Verdade, realismo, ceticismo”, in: Discurso, n. 25, p. 7-67, 1995. (VRC)
Porchat, O. (2001). “Ainda é preciso ser cético”, in: Discurso, n. 32, p. 9-30, 2001. (APC)
Rescher, N. (2001). Philosophical Reasoning - A Study in the Methodology of Philoso-phizing. Oxford / Malden, Massachusetts: Blackwell.
Schlick, M. (1934/1979). “On the foundation of knowledge”. Trad. por Peter Heath. In: SCHLICK, M. (1979), p. 370-387. Publicado originalmente em Er-kenntnis v. 4, p. 79-99.
Schlick, M. (1979). Philosophical Papers Volume II (1925-1936). Ed. por Henk L. Mulder e Barbara F. B. Van de Velde-Schlick. Trad. por Peter Heath, Wilfrid Sellars, Herbert Feigl, May Brodbeck. Dordrecht: D. Reidel.
Smith, P. J. (2008). “O retorno à vida comum. Entrevista com Oswaldo Por-chat”. Cult, n. 121, Fevereiro / 2008. URL: https://revistacult.uol.com.br/home/o-retorno-a-vida-comum/ Acesso em 30/07/2018.
Smith, P. J (2017). Uma visão cética do mundo: Porchat e a filosofia. São Paulo: Editora Unesp.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Valter Alnis Bezerra
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
O trabalho da Discurso foi licenciado com uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International.
Os autores aqui publicados mantém os direitos sobre seus artigos
De acordo com os termos seguintes:
-
Atribuição [BY] — Deve-se dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas.
-
NãoComercial [NC] — É proibido o uso deste material para fins comerciais.
-
CompartilhaIgual [SA] — Caso haja remixagem, transformação ou criação a partir do material, é necessário distribuir as suas contribuições sob a mesma licença que o original.