Infiéis em casa. Jesuítas e escravos muçulmanos (Nápoles e Espanha, século XVII)
DOI:
https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2019.3397.014Palavras-chave:
Jesuítas, Muçulmanos, Escravos, Alojamento, “Outras Índias”, Missões populares, Conversão, Baldassare Loyola, Nápoles, EspanhaResumo
A partir de fontes jesuítas publicadas e não publicadas – tratados, manuais, relatórios e cartas –, este artigo explora o apostolado jesuíta referente aos escravos muçulmanos em Nápoles e em diferentes cidades da Espanha durante o século XVII. Um ponto de vista jesuíta, encoberto pela retórica missionária e indisponível de outra forma, é encontrado nestas fontes, as quais destacam os métodos e estratégias missionárias jesuíticas além de esclarecerem o status especial do apostolado para os escravos muçulmanos na mente jesuíta. Enquanto a Europa estava enviando missionários para converter os escravos muçulmanos (e as missões foram consideradas uma variação das então chamadas “missões populares”) a essas missões muitas vezes era atribuído um valor simbólico mais profundo. Uma vez que os interlocutores dos missionários eram “infiéis”, tão diferentes tanto em sua cultura quanto em seus hábitos, os jesuítas usavam formas de acomodação extremamente semelhantes às que eram usadas nas missões no ultramar. A conversão de escravos muçulmanos em Nápoles ou na Espanha foi concebida pelos jesuítas como um caminho alternativo e eficaz para realizar uma missão “mesmo em meio aos Turcos”, como afirmava a Fórmula do Instituto, apesar de nunca ter deixado os reinos europeus para terras otomanas. Situada entre as missões no ultramar, onde os jesuítas convertiam os “infiéis” em terras distantes, e as missões na Europa, onde eles tentavam salvar as almas de pessoas batizadas que não tinham educação religiosa, havia “outras Índias”, onde os jesuítas podiam encontrar, converter e batizar os “infiéis” em casa.
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