(Obs)cena e espetáculo em Carolina Maria de Jesus: reflexões a partir de seus manuscritos inéditos
DOI:
https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2021.35103.001Palavras-chave:
Carolina Maria de Jesus, Manuscritos, Contemporaneidade, Pós-modernidade, Subjetividades contemporâneas, Estudos subalternosResumo
Este artigo se volta para um recorte de manuscritos inéditos de Carolina Maria de Jesus, produzidos entre 1958 e 1962, que registram conflitos emergentes com sua profissionalização como “autora” para o projeto editorial protagonizado pelo seu best-seller. Trata-se do embate entre uma visão lapidada da “favelada” – como testemunha de primeira pessoa e “repórter” – ao contrário do desejo prismático da mineira pela escrita criativa e “descolada” dos referentes que lhe eram imediatos. O exame busca caracterizar [a] a pós-modernidade / contemporaneidade a partir de sensibilidades periféricas em interseção de gênero, raça e classe, em vista da desarticulação do tempo e de narrativas lineares (Agamben, 2009); [b] a exacerbação do exercício escópico (Santiago, 2002); e [c] os efeitos generalizados de tal intensificação traduzidos por subjetividades fantasmáticas, em acelerado processo de alienação, reificação e espetacularização (Lukács, 2003).
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Fontes
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INSTITUTO MOREIRA SALLES. Coordenadoria de Literatura. Acervo Carolina Maria de Jesus. Cadernos 1 e 2. Citação no corpo deste trabalho: IMS. CL. Acervo CMJ. [indicação do caderno e páginas]
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