Pesquisa e Pós-Graduação no Brasil: duas faces da mesma moeda?
DOI:
https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2022.36104.011Palavras-chave:
Ensino de pós-graduação, Pesquisa acadêmica, Financiamento da pesquisa, Qualidade da pesquisa, BrasilResumo
Este artigo apresenta uma visão panorâmica do sistema brasileiro de pesquisa acadêmica e pós-graduação, baseado em dados provenientes de diversas fontes nacionais e internacionais. A primeira seção mostra as origens do sistema a partir sobretudo da década de 1970, como resultado das reformas do ensino superior e do sistema de ciência e tecnologia. As duas seções seguintes apresentam as dimensões do sistema de pesquisa e de pós-graduação, respectivamente. A quarta seção apresenta dados sobre a população de estudantes de pós-graduação no Brasil, em termos de renda familiar e ocupação. A quinta seção trata do financiamento, e a última, da qualidade. A análise indica que o sistema se expandiu sobretudo como resposta às demandas por titulação de professores da rede pública de educação superior, criando o maior sistema de pós-graduação e pesquisa acadêmica da América Latina, mas de qualidade média sofrível. A conclusão é que pós-graduação e pesquisa, ainda tenham alguma superposição, não podem ser tratadas como duas faces da mesma moeda. O atual sistema de pós-graduação regulada precisa ser revisto, tornando-o mais semelhante aos existentes em outras partes do mundo, com os cursos de mestrado mais próximos ao mercado de trabalho, e os investimentos públicos deveriam dar prioridade aos programas de doutorado e pesquisa de mais qualidade, em função de critérios mais estritos de qualidade e relevância.
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