Tomando a palavra: Helena Nogueira e o falar como conquista política e psicológica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2024.38110.015

Palavras-chave:

Relações de gênero raça e classe, Enraizamento, Memória, Movimentos sociais feministas, Humilhação social

Resumo

A desigualdade de gênero (imbricada às desigualdades de classe e raça) configura-se como um problema social e histórico de graves consequências objetivas e subjetivas. Produz sofrimentos coletivamente compartilhados pelos grupos oprimidos. Este texto é uma reflexão sobre sofrimento e resistência, a partir das memórias e histórias de vida de mulheres que participam de movimentos sociais feministas. Buscamos apreender os sentidos e as transformações psicológicas que acompanham essa participação política, especialmente no contexto de um movimento social feminista, antirracista e anticapitalista: a Marcha Mundial das Mulheres. Partindo da trajetória biográfica de uma depoente, refletimos sobre aspectos psicossociais do silêncio e da fala como ligados a processos históricos de dominação e exploração, de resistência e enfrentamentos.  

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Biografia do Autor

  • Mariana Luciano Afonso, Universidade Cidade de São Paulo, Faculdade de Medicina, São Paulo, Brasil

    é doutora em Psicologia Social pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Cidade de São Paulo.

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Publicado

2024-11-11

Edição

Seção

Presenças

Como Citar

Afonso, M. L. (2024). Tomando a palavra: Helena Nogueira e o falar como conquista política e psicológica. Estudos Avançados, 38(110), 213-234. https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2024.38110.015