Da tensão ao sublime
potencialidades estéticas da canção “Mulher do fim do mundo”, de Elza Soares
DOI:
https://doi.org/10.11606/extraprensa2019.157563Palavras-chave:
Mulheres Negras, Música Popular, Elza Soares, Arte, PolíticaResumo
Este trabalho busca apreender o espírito da canção “Mulher do fim do mundo” e seu vínculo com a renovação estética das imagens de artistas negras na música popular brasileira. A hipótese é de que a canção interpretada por Elza Soares alimenta – e é alimentada por – um movimento que busca substituir estigmas sociais construídos desde a escravidão por imagens que, de fato, representem a diversidade de identidades que podem ser assumidas por essas mulheres. Essa potência transformadora, anunciada pela canção em análise, aponta três manifestações estéticas que extrapolam o universo da canção popular e ensejam mudanças na maneira como as minorias são encaradas no espaço público brasileiro, a saber, a reivindicação do gesto da altivez, a crítica à potência de morte e a reflexão subjetiva do horror.
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