Vozes de seus filhos vivos: resistências e ecos das narrativas de mães que perderam seus filhos para o braço armado do Estado
DOI:
https://doi.org/10.11606/extraprensa2022.194402Palavras-chave:
Movimento de mães , Negras, Violência policial, Maternidade, LutoResumo
O presente trabalho tem o objetivo de dar visibilidade às narrativas de mães cujos filhos foram assassinados pelo braço armado do Estado. Para tanto, pretende-se trazer algumas histórias de mulheres enlutadas, integrantes de movimentos sociais, moradoras de periferias e, na maioria dos casos, negras, e suas lutas. Ao falar de seus filhos e engajarem-se nessa luta, essas mulheres os humanizam e tensionam o Estado a reconhecer sua responsabilidade no extermínio e promover a reparação socioeconômica. Partindo de um registro das histórias e trajetórias de luto e luta de algumas dessas mulheres, pretendemos recorrer às categorias do enquadre, conceito psicanalítico cunhado pelo autor argentino José Bleger. Também nos voltamos a entender como a perda dos filhos através da violência do Estado se relaciona a uma violação dos direitos à maternidade e ao luto dessas mulheres, em especial as negras. Por fim, analisaremos o papel da comunicação, em particular do jornalismo alternativo e de base comunitária, no ecoar das vozes e narrativas destas mulheres. Com este artigo, pretendemos fortalecer o movimento de mães, bem como chamar atenção à ausência de políticas públicas para elas.
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