A polidez do “hóspede” como ethos do influenciador migrante
DOI:
https://doi.org/10.11606/extraprensa2022.200018Palavras-chave:
Migrações transnacionais, Ethos, Influenciadores digitaisResumo
A premissa de que todo migrante transnacional é um indivíduo colocado em estado de provisoriedade se aproxima das discussões sobre a hospitalidade mediadas por um comportamento disciplinado que associa estes indivíduos a uma polidez típica dos visitantes. Esse hífen teórico que aproxima migração e hospitalidade avança para o ambiente online e as manifestações individuais (self migrante) que buscam visibilidade nesse regime de transparência, autenticidade e produtividade típico das plataformas digitais. O objetivo do artigo é trazer, por meio de uma pesquisa aprofundada sobre uma influenciadora diaspórica em especial (sem reduzir-se a ela), como é construído o ethos da polidez do “hóspede” nessa ambiência e, além disso, busca-se observar como esse comportamento por vezes é subvertido pela atuação política frente à condição estrangeira.
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