O antropólogo-cineasta e o nativo-a(u)tor: as transformações de Oumarou Ganda e Petit Touré em Eu, um negro, de Jean Rouch
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-3123.gis.2020.165057Palavras-chave:
Jean Rouch, Performance, Corpo, Nativo, AutorResumo
Este artigo apresenta a dimensão performática e corporal das personagens de Oumarou Ganda e Petit Touré no filme Eu, um negro, de Jean Rouch (1958). Para além da análise dos enquadramentos, falas e edição, enseja-se dar ênfase à interpretação da dimensão performática, tanto dos gestos corporais e feições faciais quanto da impostação da voz off de Oumarou Ganda e Petit Touré. Se, por um lado, compreender de que maneira a dimensão performática e corporal de Ganda e Touré cria uma mise-en-scène própria, possibilitando pensá-los como nativo-a(u)tores, por outro, analisar o espaço de criação das personagens traz apontamentos para pensar na construção do conhecimento antropológico a partir da relação entre Rouch e seus interlocutores.
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