A função antidialógica. Condições de incongruência nos diálogos da poesia italiana do século XX
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-8281.i48p176-193Palavras-chave:
Poesia italiana contemporânea, Diálogo, Atos de fala , Análise da Conversação, Análise do discursoResumo
A análise das trocas presentes nos livros de poesia italiana do século XX mostrou um recurso horizontal ao expediente do dialogismo em chave disfuncional e pragmaticamente patológica, entre comunicações gagas, interrompidas, conflitantes ou sem sentido; o diálogo, em outras palavras, não se manifesta como uma adesão íntima a uma comunicação consonantal e recíproca, mas se refere ao mau funcionamento da própria comunicação. Do Canti di Castelvecchio (1903) de Giovanni Pascoli à Composita solvantur (1994) de Franco Fortini, os episódios líricos que contêm interações verbais parecem originar-se e remeter a uma 'função antidialógica': proliferam as conversas patológicas, as falhas posicionais, as interações conflituosas, as falhas pragmáticas; os falantes tendem a interagir de forma disfuncional e deslógica, abundam mal-entendidos, silêncios e reticências, falta cooperação, como se os atores fossem construídos para não se comunicar. A presente contribuição visa, assim, a enquadrar a função antidialógica que acabamos de esboçar através da comparação entre algumas amostras textuais e os principais módulos de incongruência pragmática, introduzidos primeiro a partir de uma classificação dos atos de fala, depois através do aprofundamento de um poema paradigmático.
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