Poesia para depois do fim do mundo: Nicanor Parra, a ditadura militar e a antipoesia do Apocalipse
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2237-1184.v0i29p122-140Palavras-chave:
Antipoesia, Nicanor Parra, apocalipse, ecopoesiaResumo
Este artigo investiga a relação entre a obra antipoética do chileno Nicanor Parra (1914-2018) com a questão do fim do mundo, a partir da sua produção literária dos anos 1970-80. Passando pelos problemas enfrentados pela obra no período, discute-se sobre a relação entre a sua poesia e o momento histórico chileno da ditadura militar, a partir do golpe de 1973, chegando à transformação política de Parra nos anos 80 para aquilo que irá ser chamado de “ecopoesia”. O funeral do sujeito lírico, que já vinha sendo colocado em questão desde o início da antipoesia de Parra, nos anos 1950, ganha contornos dramáticos a partir das mudanças climáticas e ameaças nucleares que o final do século XX anuncia. Também a saída pelo sermão de pregação, como resposta ao golpe militar e à ameaça da catástrofe ecológica, representa um ponto de especial interesse na trajetória do autor.