Um ano entre os humanos: Ricardo Aleixo e a etnografia do humanismo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2237-1184.v0i34p198-225Palavras-chave:
Ricardo Aleixo, Humanismo, RacismoResumo
O artigo apresenta uma leitura do poema “O peixe não segura a mão de ninguém”, publicado por Ricardo Aleixo no livro Modelos vivos (2010). Como se trata de um poema preocupado com a taxonomia dos seres vivos, a leitura examina como a categoria do humano depende da hierarquização dos seres. Revisitando a relação entre a noção de humano e o racismo, o texto entrevê, nesse e em alguns outros poemas de Aleixo, uma apreciação crítica do humanismo. O trabalho termina com leituras de três textos críticos – de Sylvia Wynter, Zakiyyah Iman Jackson e Kate Manne – que, de diferentes maneiras, tensionam o pensamento humanista, em particular as hipóteses de que a exclusão do outro da categoria do humano seria condição necessária para a prática da violência e que, consequentemente, a inclusão na humanidade seria um passo indispensável e confiável em direção ao fim da violência racista.
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Referências
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