Cara de ladrão: Um breve ensaio sobre desarticulações ao colonialismo a partir do conto "As teorias do Dr. Caruru" de Lima Barreto
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-2477.i47p195-202Palavras-chave:
Ladrão, Desarticulações, Lima Barreto, Raciais, CaruruResumo
O presente artigo tem como objetivo a análise sobre as desarticulações ao colonialismo expressadas pelo autor brasileiro Lima Barreto em seu conto As teorias do Dr. Caruru, tecendo por intermédio de uma narrativa linguístico-científica maneiras possíveis para o desmonte ideológico produzido pelo cientificismo europeu, intrínseco no âmbito cultural, através das teorias raciais, consideradas ainda na atualidade sob o ponto de vista dos sujeitos criminalizados, erguendo a expressão “cara de ladrão” intermediada por tais teorizações médicas fundantes do racismo estrutural em vias socio-criminais, penais e da construção imagética do sujeito negro a partir de suas características fenotípicas. Tal estudo apresenta resultados que relacionam-se diretamente com as problemáticas socio-culturais enfrentadas atualmente pela população negra no Brasil, tendo como resultantes da proposta enunciada um diagnóstico histórico-cultural paralelo as impregnações das pseudociências de raça nos processos construtivos de fomentos culturais brasileiros, que integram fundamentalmente o conhecimento sobre a nação em sua esfera identitária, através da criticidade apontada pela revisão bibliográfica de tais objetos abordados e seus campos discursivos, buscando flagrar suas características e relações. A análise promovida realça a necessidade de materiais teórico-metodológicos esquivos, que empenhem uma reconfiguração das margens destas produções culturais através da fabricação de saberes do absolutismo científico eurocentrificado.
Downloads
Referências
AGAMBEN, G. O que é o contemporâneo. In: O que é o contemporâneo e outros ensaios. Tradução de Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó: Argos, 2013. p. 55-73.
BARRETO, L. As teorias de Dr. Caruru. In: SCHWARCZ, L. M (org.). Contos completos de Lima Barreto. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
CANCLINI, N. G. Diferentes, desiguais e desconectados: mapas da interculturalidade. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2009.
DALCASTAGNÈ, R. O lugar de fala. In: DALCASTAGNÈ, R. Literatura brasileira contemporânea: um território conquistado. Vinhedo: Horizonte, 2012, p. 17-48.
HALL, S. Da Diáspora: identidades e mediações culturais. Tradução de Adelaine La Guardia Resende et al. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2003.
MBEMBE, A. Necropolítica. São Paulo: n-1 edições, 2018.
PELBART, P. P. Por uma arte de instaurar modos de existência que “não existem”. In: MAYO, N. E., BÉLTRAN, E. (org.). Catálogo da 31ª Bienal de São Paulo — Como (…) coisas que não existem. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2014, p. 250–265.
SILVA, J. A. Anotações esparsas sobre literatura e método: o exemplo de Lima Barreto. In: SOUZA, A. L. et al. (org.) Rasuras epistêmicas das (est)éticas negras contemporâneas. II Seminário Rasuras, 2017, Salvador. Anais. Salvador: Edição Organismo e Grupo Rasuras, 2020, p. 125–132. Disponível em: <http://observatorioedhemfoc.hospedagemdesites.ws/observatorio/wp-content/uploads/2020/05/96062f_6b256fcf65bc47338c4a2b471de55f8b.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2022.
SILVA, J. A. (org.). Contemporaneidades periféricas. Salvador: Editora Segundo Selo, 2018.
SODRÉ, M. Genealogia do conceito. In: SODRÉ, M. A verdade seduzida: por um conceito de cultura no Brasil. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2005, p. 11–71.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Gabriel Reis Santos Alves
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.