Do diário aos ensaios de André Gide: arquivo da criação e valores literários
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-2477.i53p147-161Palavras-chave:
André Gide, Diário, Ensaio, Valores, ProduçãoResumo
Os diários íntimos dos escritores começaram a ganhar interesse do público por comportarem a gênese de suas obras literárias. Mesmo que, na maior parte do tempo, esses diários não revelem uma etapa do processo de criação, muitos funcionam como testemunho da obra. Esse é o caso do diário de André Gide, que traz diversos comentários sobre a preparação de suas obras literárias. Além de trazer comentários sobre suas obras ficcionais, o diário carrega testemunhos da produção ensaística do autor, o que faz com que dirijamos o nosso olhar para o gênero. Dada a preocupação de Gide em associar o trabalho crítico ao literário, a própria natureza reflexiva dos seus ensaios e a importância da crítica dos escritores para a compreensão das suas produções literárias, escolhemos trabalhar com trechos do diário e com alguns ensaios escritos entre os anos de 1919 e 1925, período de produção do romance Os Moedeiros Falsos. A partir deles, apresentaremos alguns valores presentes no pensamento do escritor — a paciência, o trabalho, a inspiração e a impessoalidade —, os quais apontam tanto para uma preocupação em relação à produção literária quanto para uma filiação do autor moderno aos princípios de julgamento românticos.
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