"Por que de galo, então, chamamos quem se castra [...]?" Interseccionalidade em representações de sacerdotes castrados no Império Romano
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2177-4218.v11i1p287-316Palabras clave:
Sacerdotes castrados, Galli, Heliogábalo, Representações, InterseccionalidadeResumen
O objetivo deste artigo é analisar representações textuais de sacerdotes considerados praticantes de rituais que envolviam cortes de seus órgãos genitais. Tais intervenções, tratadas aqui como castrações, foram vistas como perda da virilidade e transgenerização para o feminino na literatura greco-romana do período imperial. Sacerdotes castrados podem ser percebidos no mito de Átis (o consorte da deusa frígia Cibele, a Magna Mater), na literatura sobre os sacerdotes dessa deusa (os galli) e nas representações textuais dos sacerdotes da deusa síria Atargátis e do imperador Heliogábalo (218–222). Como não há relatos dessas práticas deixados por seus praticantes, grande parte da documentação que temos sobre os sacerdotes castrados se refere às representações feitas por seus críticos. Diante disso, as fontes utilizadas para o estudo que se apresenta são compostas de textos literários greco-romanos. Neste artigo, tais textos serão analisados à luz de uma perspectiva interseccional, pensando a descrição dos sacerdotes a partir da construção do outro não greco-romano e das normativas de gênero para o uir, o cidadão das camadas abastadas do Império Romano.
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