O jornalismo como arma de “ação psicológica”: Folha de S.Paulo e a luta contra a “subversão” na ditadura

Autores

  • André Bonsanto Universidade Federal de Goiás

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v18i2p193-211

Palavras-chave:

Folha de S.Paulo, jornalismo, ditadura, ação psicológica

Resumo

O objetivo deste trabalho é realizar uma análise sobre o papel da Folha de S.Paulo na chamada luta “antisubversiva” da ditadura civil-militar no Brasil, tendo como foco uma campanha de “ação psicológica” intitulada “União Contra a Violência”, realizada pelo jornal em julho de 1969. Desta forma, procuramos avançar nas análises sobre o papel do jornalismo como agente legitimador dos aparatos repressivos do Estado, atestando o protagonismo exercido pela Folha em um dos períodos de maior recrudescimento do regime, – durante o contexto de criação da Operação Bandeirante (Oban) – bem como a clara sintonia que existia àquele momento entre a empresa e os preceitos doutrinários da ditadura.

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Biografia do Autor

  • André Bonsanto, Universidade Federal de Goiás

    Professor Visitante do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal de Goiás – UFG. Doutor em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense – UFF. 

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Publicado

2024-08-30

Edição

Seção

Em Pauta/Agenda

Como Citar

Bonsanto, A. (2024). O jornalismo como arma de “ação psicológica”: Folha de S.Paulo e a luta contra a “subversão” na ditadura. MATRIZes, 18(2), 193-211. https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v18i2p193-211