O jornalismo como arma de “ação psicológica”: Folha de S.Paulo e a luta contra a “subversão” na ditadura
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v18i2p193-211Palavras-chave:
Folha de S.Paulo, jornalismo, ditadura, ação psicológicaResumo
O objetivo deste trabalho é realizar uma análise sobre o papel da Folha de S.Paulo na chamada luta “antisubversiva” da ditadura civil-militar no Brasil, tendo como foco uma campanha de “ação psicológica” intitulada “União Contra a Violência”, realizada pelo jornal em julho de 1969. Desta forma, procuramos avançar nas análises sobre o papel do jornalismo como agente legitimador dos aparatos repressivos do Estado, atestando o protagonismo exercido pela Folha em um dos períodos de maior recrudescimento do regime, – durante o contexto de criação da Operação Bandeirante (Oban) – bem como a clara sintonia que existia àquele momento entre a empresa e os preceitos doutrinários da ditadura.
Downloads
Referências
Abreu, A. (2005). Imprensa e a queda do governo de João Goulart. In A. Bragança & S. Moreira (Orgs.). Comunicação, acontecimento e memória. Intercom.
A Indústria Paulista ao Povo Brasileiro. (1969, 20 de julho). Folha de S.Paulo, ano XLIX, nº 14.644, p. 5.
Alves, M. H. M. (1984). Estado e oposição no Brasil (1964-1984). Vozes.
Aquino, M. A. (1999). Censura, Imprensa e Estado Autoritário: o exercício cotidiano da dominação e da resistência: O Estado de São Paulo e Movimento. EDUSC.
A União e a Violência. (1969, 3 de agosto). Folha de S.Paulo, ano XLIX, nº 14.658, capa.
Barbosa, M. C. (2006). Imprensa e poder no Brasil pós-1930. Em Questão, 12(2), 215-234.
Basualdo, V. (2006). Complicidad patronal-militar en la última dictadura argentina: Los casos de Acindar, Astarsa, Dálmine Siderca, Ford, Ledesma y Mercedes Benz. Revista Engranajes, 5, 1-21.
Basualdo, V. (2016). Responsabilidad empresarial en delitos de lesa humanidad: represión a trabajadores durante el terrorismo de Estado.
EdUNAM, Centro de Estudios Legales y Sociales, Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales.
Bellintani, M., Trujilo, D. Jr., & Tanji T. (Orgs.). (2017). Jornalistas de São Paulo e a ditadura. Relatório da Comissão da Verdade, Memória e Justiça do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo. Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo.
Bonsanto, A. (2014). O presente da memória: uso do passado e as (re)construções de identidade da Folha de S. Paulo, entre o ‘golpe de 1964’ e a ‘ditabranda’. Paco Editorial.
Bonsanto, A. (2018). História e memória da ditadura militar em tempos de (auto)censura: o jornalismo brasileiro e seus clichês historiográficos de autolegitimação. Parágrafo, 6(3), 77-96.
Bonsanto, A. (2021). A verdade dita é dura: jornalismo, história e ditadura militar no Brasil (do golpe de 1964 à Comissão Nacional da Verdade). Dialética.
Bonsanto, A. (2022). Um Jornal a Serviço de si: tradições (re)inventadas nos 100 anos da Folha de S. Paulo. Estudos em Jornalismo e Mídia, 19(2), 79-91.
Bolsa conclama à união contra a violência. (1969, 31 de julho). Folha de S.Paulo, ano XLIX, nº 14.655.
Brasil. (1979). Estado-maior das Forças Armadas: Escola Superior de Guerra: Doutrina Básica. ESG.
Brasil. (2014). Comissão Nacional da Verdade. Relatório. Comissão Nacional da Verdade: v. I e II. Textos temáticos. CNV. http://www.cnv.gov.br/images/pdf/relatorio/volume_1_digital.pdf.
Campos, P. H. P. (2020). Empresariado e ditadura no Brasil: fontes, métodos e historiografia. Sillogés, 3(1), 15-42.
Campos, P. H. P., Brandão, R. V. M., & Lemos, R. L. C. N. (Orgs.). (2020). Empresariado e ditadura no Brasil. Consequência.
Canavarro: empresários e Governo devem consolidar a Revolução. (1969, 18 de julho). Folha de S.Paulo, ano XLIX, nº 14.642, p. 12.
Canavarro: união contra subversão. (1969, 3 de agosto). Folha de S.Paulo, ano XLIX, nº 14.658, p. 3.
Cardeal Rossi condena atos de terrorismo. (1969, 25 de julho). Folha de S.Paulo, ano XLIX, nº 14.649, capa.
Comparato, F. K. (2014). Compreensão histórica do regime empresarial-militar brasileiro. Caderno IHU Ideias, 12(205), 5-25. Contra a violência.(1969, 22 de julho). Folha de S.Paulo, ano XLIX, nº 14.646, p. 4.
Costa e Silva congratula-se com as FOLHAS. (1969, 1 de julho). Folha de S.Paulo, ano XLIX, nº 14.625.
Destruída a metade do prédio do 13. (1969, 17 de julho). Folha de S.Paulo, ano XLIX, nº 14.641, p. 9.
Dreifuss, R. A. (1981). 1964: a conquista do Estado – ação política, poder e golpe de classe. Vozes.
Empresário: união povo-governo. (1969, 22 de julho). Folha de S.Paulo, ano XLIX, nº 14.646, p. 3.
Entidades do comércio pregam União e Trabalho. (1969, 23 de julho). Folha de S.Paulo, ano XLIX, nº 14.647.
Fico, C. (2001). Como eles agiam: os subterrâneos da ditadura militar, espionagem e polícia política. Record.
Fon, A. C. (1979). Tortura: a história da repressão política no Brasil. Global.
Gaspari, E. (2002). A ditadura escancarada. Companhia das Letras.
General Canavarro: Segurança é de responsabilidade de todo o povo. (1969. 17 de julho). Folha de S.Paulo, ano XLIX, nº 14.641, p. 3.
Huggins, M. K. (1998). Polícia e Política: relações Estados Unidos/América Latina. Cortez.
Iturralde, M. (2012). El diario Clarín y la “campaña antiargentina”: la construcción de un consenso en torno a las violaciones a los derechos humanos. Revista Brasileira de História da Mídia, 1(2), 105-115. https://doi.org/10.26664/issn.2238-5126.1220123942.
Iturralde, M. (2014). Prensa y dictadura en argentina: el diario Clarín ante las violaciones a los derechos humanos durante la última dictadura militar (1975-1983). Projeto História, 50, 289-303.
Iturralde, M. (2015). Comunicar y castigar. Clarín y la “guerra cultural contra la subversión”[Apresentação de trabalho]. 15ª Jornadas Interescuelas/Departamentos De Historia, Comodoro Rivadavia, Chubut, Argentina. http://humadoc.mdp.edu.ar:8080/xmlui/handle/123456789/511.
Joffily, M. (2013). No Centro da Engrenagem: os interrogatórios na Operação Bandeirante e no Doi de São Paulo (1969-1975). EDUSP.
Kushnir, B. (2004). Cães de Guarda: jornalistas e censores, do AI5 à Constituição de 1988. Boitempo.
Larangeira, A. N. (2014). A mídia e o regime militar. Sulina.
Lentz, R. (2021). Pensamento político dos militares no Brasil: mudanças e permanências na doutrina da ESG (1974-2016) [Tese de doutorado Universidade de Brasília]. Repositório Institucional da UnB. http://www.realp.unb.br/jspui/handle/10482/42688.
Líderes rurais apóiam a união contra a violência. (1969, 24 de julho). Folha de S.Paulo, ano XLIX, nº 14.648.
Meio século. (1971, 19 de fevereiro). Folha de S.Paulo, ano LI, nº 15.223, p. 04.
Melo, J. J. (2012). Boilesen, um empresário da ditadura: a questão do apoio do empresariado paulista à Oban/Operação Bandeirantes, 1969-1971 [Dissertação de mestrado, Universidade Federal Fluminense]. Repositório Institucional UFF. https://app.uff.br/riuff/handle/1/16096.
Molina, F. R. (2018, 12 de dezembro). Argentina condena ex-executivos da Ford por crimes contra a humanidade. El país. https://bit.ly/3LB1GOC
Mota, C. G. S. S., & Capelato, M. H. (1981). História da Folha de S.Paulo (1921-1981). Impress.
Ortiz, R. (1989). A moderna tradição brasileira: cultura brasileira e indústria cultural (2a ed.). Brasiliense.
Paschoal, E. (2007). A trajetória de Octavio Frias de Oliveira (2a ed.). Publifolha.
Pilagallo, O. (2012). História da imprensa paulista. Três Estrelas.
Pinto, A. E. S. (2012). Folha Explica: Folha. Publifolha.
Repercute o apêlo à União contra a violência. (1969, 18 de julho). Folha de S.Paulo, ano XLIX, nº 14.642, p. 3.
Risler, J. (2018). La acción psicológica: dictadura, inteligencia y gobierno de las emociones (1955-1981). Tinta Limón. São Paulo executa plano contra terrorismo. (1969, 28 de junho). Folha de S.Paulo, ano XLIX, nº 14.622, p. 3.
São 25 os procurados por terrorismo. (1969, 22 de julho). Folha de S.Paulo, ano XLIX, nº 14.646, p. 17.
Silva, J. M. (2014). 1964. Golpe midiático-civil-militar. Sulina.
Silva, M. A. C. (2018). As Práticas de Normalização da Violência Operacionalizadas pela Volkswagen do Brasil na Ditadura Militar Brasileira (1964-1985) [Tese de doutorado, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro]. https://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.52605.
Silva, M. A. C., Campos, P. H. P, & Costa, A. (2022). A Volkswagen e a ditadura: a colaboração da montadora alemã com a repressão aos trabalhadores durante o regime civil-militar brasileiro. Revista Brasileira de História, 42(89), 141-164. https://doi.org/10.1590/1806-93472022v42n89-08.
Sodré conclama povo a unir-se contra violência. (1969, 27 de julho). Folha de S.Paulo, ano XLIX, nº 14.651.
Sodré: incêndio das televisões faz parte de plano terrorista. (1969, 17 de julho). Folha de S.Paulo, ano XLIX, nº 14.641, p. 3.
Solidariedade dos empresários ao comando da Força Pública. (1969, 5 de julho). Folha de S.Paulo, ano XLIX, nº 14.629, p. 3.
Smith, A.-M. (2000). Um acordo forçado: o consentimento da imprensa à censura no Brasil. Editora FGV. União contra a violência. (1969, 17 de julho). Folha de S.Paulo, ano XLIX, nº 14.641, p. 4.
Verbitsky, H., & Bohoslavsky, J. P. (Eds.). (2013). Cuentas pendientes: Los cómplices económicos de la dictadura. Siglo Veintiuno Editores.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution (CC BY-NC-SA 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista para fins não comerciais.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.