Decifra-me ou te devoro, disse a Esfinge para a aranha: revisando Peter Parker à luz de Édipo e Hamlet

Resumo

Tem como objetivo estabelecer uma linha direta entre três personagens ficcionais – a saber: Édipo, de Sófocles, Hamlet, de Shakespeare, e Peter Parker, de Lee & Ditko – dentro de uma “escala evolutiva multimidiática”, na qual Peter Parker, o Homem-Aranha das histórias em quadrinhos e do cinema, seria uma consequência e um acúmulo das características dos outros dois personagens, que provocam a identificação com o público. Partindo da visão freudiana de Édipo e Hamlet, já elencados como uma possibilidade evolutiva por Sigmund Freud em seu clássico A interpretação dos sonhos, propomos que Peter Parker, seria vítima de uma “Síndrome do Pai Ausente” e, graças a isso, dialoga com seu público leitor de maneira semelhante e com tanta profundidade quanto seus antecessores ficcionais, estabelecendo pontos de identificação que seduzem públicos diferentes, tanto o infanto-juvenil quanto adultos que sofrem de certa nostalgia da adolescência. Nosso enfoque principal serão os quadrinhos, mas também comentaremos as diversas versões do personagem para a TV e o cinema, apontando suas conexões e diferentes desenvolvimentos. Para embasar em termos metodológicos nossa proposta, elencamos, além de Freud, textos de Eco, Rancière e Bakhtin, que visam elucidar alguns aspectos da criação ficcional e suas relações com o público fruidor, seja na literatura, no teatro, na TV ou no cinema.