O testemunho visual em Primavera em Tchernóbil, de Emmanuel Lepage
DOI:
https://doi.org/10.11606/2316-9877.Dossie.2024.e230786Palavras-chave:
História em Quadrinhos, Jornalismo em Quadrinhos, Literatura de Testemunho, Primavera en Tchernóbil (t´ítulo)Resumo
Em abril de 2008, um grupo de artistas e ativistas políticos visita Tchernóbil para documentar a vida dos moradores das zonas de exclusão e os resultados da maior catástrofe nuclear da história, entre eles o quadrinista francês Emmanuel Lepage. No entanto, apesar de irem para registrar os horrores do desastre, o que encontram é a natureza exuberante do isolamento e a vida cotidiana. Como desenhar aquilo que não se vê, o horror invisível da radiação que paira sobre aquela realidade aparentemente comum e até mesmo bela? Como representar o irrepresentável? Apesar de Lepage considerar seu trabalho como uma reportagem em quadrinhos, este artigo busca enquadrar Primavera em Tchernóbil na tradição literária do testemunho, visto como a obra lida com a aporia testemunhal da impossibilidade de representar e a urgência de testemunhar. Dessa forma, acreditamos que o autor realiza um testemunho visual, ao trazer as hesitações, a pressa, o subjetivismo da sua experiência em Tchernóbil aos desenhos e à narrativa em quadrinhos.
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