Chamadas para o V Colóquio Internacional de Poesia - O Simbolismo, As Artes

2017-06-09
1867-1917 – Cinquenta anos de Simbolismo

A quinta edição do Colóquio Internacional de Poesia, organizado pelo grupo de Pesquisas Poética e Escritas da Modernidade (Poem) e pelo Laboratório de Estudos de Poéticas e Éticas na Modernidade (LEPEM), em parceria com a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), apresenta como tema O Simbolismo, As Artes. O evento terá lugar na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), da Universidade de São Paulo (USP), sede do Poem e do LEPEM, nos dias 1, 2 e 3 de agosto de 2017, em uma homenagem àquela que talvez tenha sido a primeira poética da modernidade.

Há 160 anos, em 1857, Charles Baudelaire publicava As Flores do Mal, obra poética considerada o grande marco da modernidade. Em seus poemas, Baudelaire abordou temas até então rejeitados pela poesia lírica, abrindo possibilidades para novas formas de fazer poético. Em 1867, dez anos depois, o poeta nos deixava; nesse mesmo ano, nasciam três grandes figuras da literatura simbolista-decadentista portuguesa: Camilo Pessanha, António Nobre e Raul Brandão, este último é autor do romance Húmus, publicado 50 anos depois, em 1917, obra que repensaria a forma romance, na esteira dos esforços de J.-K. Huysmans, Georges Rodenbach e outros prosadores do fim de século.

Entre estes dois grandes marcos – 1857 e 1917 – floresceu o movimento simbolista, a princípio na capital francesa, logo se espalhando pelos outros países da Europa e pelo resto do Mundo, e encontrando na Bélgica, em Portugal e no Brasil solos particularmente férteis, ainda que o nome em si só viesse a ser difundido em 1886, com o advento do Manifesto Literário, escrito por Jean Moréas e publicado no jornal Figaro. Nesse ano também foram criados diversos periódicos importantes para o movimento, como La DécadenceLe SymbolisteLe DécadentLa Wallonie, entre outros. No entanto, apesar da importância desta data, entende-se que muito antes de o nome ser sugerido, as mudanças estético-temático-formais propostas pelo grupo de poetas e artistas que lia Baudelaire e se reunia em torno de figuras como Paul Verlaine e Arthur Rimbaud, e, sobretudo, de Stéphane Mallarmé, nas célebres reuniões às terças-feiras em seu apartamento da Rue de Rome, em Paris, podem ser verificadas em obras bastante anteriores.

Em Portugal, o simbolismo chegou logo depois do Manifesto de Moréas, com o advento das revistas Bohemia Nova e Insubmissos, em 1889, organizadas por jovens estudantes de Coimbra, logo seguidas pela publicação da obra Oaristos, de Eugénio de Castro, em 1890, data que marca, oficialmente, o início daquela poética. No Brasil, Medeiros e Albuquerque publicava suas Canções da Decadência no mesmo ano em que os periódicos lusitanos ganhavam vida. É, contudo, em 1893, com Broquéis e Missal, ambos de João da Cruz e Sousa, que se considera o simbolismo realmente instaurado em território brasileiro.

Para além da poesia, o movimento se fez presente na prosa, com a publicação de romances que questionavam o efeito mimético buscado até então por realistas e naturalistas, propondo o apagamento das fronteiras entre os gêneros e novas formas de se pensar narrativas. Efeito semelhante se deu no teatro, com autores como Maurice Maeterlinck, Villiers de L´Isle-Adam, António Patrício e outros.

Uma das prerrogativas da poética residia também no diálogo interartístico, seja por meio da potencialização sonora ou plástica do texto literário, seja pelo efeito ecfrástico de se reconstruir em palavras uma obra artística. Obviamente, também se observou o efeito inverso, quando poemas passaram a ser musicados por compositores como Claude Debussy e pintores se dedicaram a ilustrar poemas simbolistas, como ocorreu com A tarde de um fauno, de Mallarmé, que recebeu belos desenhos de Édouard Manet e adaptações em orquestra, por Debussy, e teatral, por Vaslav Nijinsky. Nas artes plásticas, pintores como Gustave Moreau e Odilon Redon, na França, Fernand Khnopff e Jean Delville, na Bélgica, António Carneiro, em Portugal, ou ainda Eliseu Visconti, no Brasil, buscaram uma identidade artística própria.

Por fim, importa ainda dizer que os escritores e artistas simbolistas foram muito importantes para a literatura e a arte moderna do século XX, tendo sido lidos, comentados e admirados por autores como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, André Breton, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Mello Neto, Manuel Bandeira, dentre tantos outros, que dialogaram com o período finissecular em diversas de suas obras.

Diante desse contexto, o V Colóquio Internacional de Poesia convida a todos os pesquisadores interessados na literatura e na arte simbolistas a pensarem questões em torno das produções realizadas neste período, tendo os eixos temáticos abaixo como norteadores:

  • O Simbolismo Português:  Camilo Pessanha, António Nobre e Raul Brandão;
  • Charles Baudelaire e o Simbolismo;
  • Relações interartísticas finisseculares;
  • O simbolismo e(m) outras artes: pintura, música, escultura, teatro, etc.;
  • Diálogos em torno dos simbolismos de língua francesa e portuguesa: França, Bélgica, Portugal e Brasil;
  • Manifestações simbolistas em outros contextos, línguas, países e continentes: Rússia, Grécia, Escócia, Suíça, Lituânia, Itália, Peru, etc.;
  • Ecos do simbolismo nas literaturas moderna e contemporânea;
  • A recepção do simbolismo: do fim de século à atualidade;
  • Aspectos estético-temático-formais do movimento;
  • Considerações em torno do Decadentismo;
  • Modernidade, Simbolismo e Vanguardas;
  • Simbolismo, Decadentismo e Modernismo;
  • Periódicos Simbolistas;
  • Etc.

Outras relações, dentro da temática do evento, podem ser sugeridas. As inscrições devem ser feitas através do formulário online.

Atenciosamente,

Comissão Organizadora.