Prostituição colonial e nacionalismo: colaboração corporal em Ciel de Porphyre de Aicha Lemsine
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-3976.v6i11p88-108Palavras-chave:
Prostituição colonial, Ficção, Mulheres, Literatura, NacionalismoResumo
As prostitutas eram úteis no período colonial, pois, por um lado, a sexualidade representava para o colonizador francês uma das formas mais perniciosas da dominação e um elemento fundamental de submissão: estas mulheres argelinas indígenas se tornavam um verdadeiro tema do imaginário erótico colonial. E, por outro lado, estas mulheres representavam para os nacionalistas combatentes argelinos uma verdadeira força de informações para profeito da FLN (o partido político: Fronte de Liberação Nacional que desencadeou a guerra da Argélia de 1954), pois elas ficavam em contato regular com policiais ou militares em exercício. De Dalila, a prostituta a serviço do colonizador, a Houria, prostituta, anjo guardião e libertadora das pulsões acumuladas pelos moudjahiddinos, Ciel de Porphyre de Aicha Lemsine se abre e se encerra por uma leitura das ações de prostitutas durante a guerra de liberação argelina. Nossa reflexão se voltará para o papel da mulher argelina indígena que participou da luta armada vendendo seu corpo e enfrentando violências sexuais para servir à boa causa, demonstrando como Aicha Lemsine, através de seu romance Ciel de Porphyre, trata as ações de prostitutas patriotas, isto é, a serviço de seu país: a Argélia livre e independente? Como no romance Ciel de Porphyre a equação Nacionalismo – prostituta é percebida? Como a autora estabelece esta colaboração corporal e carnal? E, finalmente, como medir o alcance dessa colaboração entre jovens indígenas/argelinas com europeus / colonizadores franceses?
Downloads
Referências
ALOULA, Malek, Le Harem colonial. Images d’un sous érotisme, Paris, Ed Séguier, 1981.
AZIZ, Germaine. Les Chambres closes. Paris : Ed Stock, 1980.
BEAUGE, Florence « Le tabou du viol des femmes pendant la guerre d’Algérie Commence à être levé », Le Monde, 11 octobre 2001.
BERTHERAND. Adolphe. « De la prostitution à Alger ». In : Mémoires divers. Alger : Typo V. Vailland., 1859.
CORBIN, Alain les filles de noces. Misère sexuelle et prostitution au 19ès et au 20è s, Paris, Flammarion, 1978.
DIDIER ERIBON, professeur à la faculté de philosophie, sciences humaines et sociales de l’université d’Amiens. Le corps politique. Quelques réflexions à propos du 40ème anniversaire des émeutes de Stonewall.
DORLIN Elsa, La matrice de la race. Généalogie sexuelle et coloniale de la Nation française, Paris, La Découverte, 2009.
FANON. Frantz. L’An V de la révolution algérienne. Paris : Ed Maspero, 1960.
FROMENTIN, Eugène, Une année dans le Sahel, Paris, Ed Plon, 1848.
LEMSINE, Aïcha. Ciel de Porphyre. Paris : J.-C. Simoën, 1978.
MOLINIER, Pascale, Autre chose qu’un désir de peau… Le Nègre, la Blanche et le Blanc dans deux romans de Dany Laferrière in (Dorlin éd) Sexe, Race, classe. Pour une épistémologie de la domination. Paris, Puf, 2009.
MONTAGU, Lady Mary, L’islam au péril des femmes nues. Une Anglaise en Turquie au 18è S, 2001.
NORBERT, Elias, La société de cours, Paris, Champs essais, 1985.
SALARDENNE., Roger., l’Afrique Galante : reportage chez les prostituées juives et mauresques, Paris, Ed Prima, 1930.
TARAUD, Christelle, "Amour interdit" Marginalité, prostitution, colonialisme (Maghreb, 1830-1962), Paris, Payot, 2012.
TARAUD, Christelle, la prostitution coloniale. Algérie, Tunisie, Maroc (1830-1962). Paris, Payot, 2003.
YACEF, Saâdi, La bataille d’Alger, Alger, Éditions Casbah/Publisud, 1997.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Ao enviar o material para publicação, o(s) autor(es) declara(m) automaticamente que o trabalho é de sua(s) autoria(s), assumindo total responsabilidade perante a lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, no caso de plágio ou difamação, obrigando-se a responder pela originalidade do trabalho, inclusive por citações, transcrições, uso de nomes de pessoas e lugares, referências histórias e bibliográficas e tudo o mais que tiver sido incorporado ao seu texto, eximindo, desde já a equipe da Revista Non Plus, bem como os organismos editoriais a ela vinculados. O(s) autor(s) permanece(m) sendo o(s) detentor(es) dos direitos autorais de seu(s) texto(s), mas autoriza(m) a equipe da Revista Non Plusa revisar, editar e publicar o texto, podendo esta sugerir alterações sempre que necessário.
O autor(s) declara(m) que sobre o seu texto não recai ônus de qualquer espécie, assim como a inexistência de contratos editoriais vigentes que impeçam sua publicação na Revista Non Plus, responsabilizando-se por reivindicações futuras e eventuais perdas e danos. Os originais enviados devem ser inéditos e não devem ser submetidos à outra(s) revista(s) durante o processo de avaliação.
Em casos de coautoria com respectivos orientadores e outros, faz-se necessária uma declaração do coautor autorizando a publicação do texto.
Entende-se, portanto, com o ato de submissão de qualquer material à Revista Non Plus, a plena concordância com estes termos e com as Normas para elaboração e submissão de trabalhos. O não cumprimento desses itens ou o não enquadramento às normas editoriais resultará na recusa do material.