RABELAIS ANTROPOFÁGICO: BANQUETEANDO OS NOVOS TEMPOS
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-3976.v3i6p84-97Palavras-chave:
François Rabelais, antropofagia, cultura popular, Idade MédiaResumo
RESUMO: Uma das principais características da obra rabelaisiana é o exagero, a hipérbole. Um exemplo claro disso é o corpo exagerado de seus protagonistas que, como se sabe, são gigantes. O exagero manifesta-se, da mesma forma, nas imagens do comer e do beber de seus personagens, configurando o motivo do banquete desmesurado, hiperbólico, de onde advém a famosa expressão do “banquete pantagruélico”. Segundo Bakhtin, o motivo do banquete ou do comer e beber em excesso é geralmente associado a comemorações das vitórias de guerra ou do nascimento, usufruindo, assim, um papel antropofágico. Isto é, os banquetes servidos pelos heróis rabelaisianos simbolizam a deglutição e a vitória do mundo popular sobre o cotidiano oficial medievalesco, assim como o nascimento de novos tempos em detrimento da visão de mundo unilateral e retrógrada ditada pelo cristianismo medieval. Os banquetes rabelaisianos, portanto, são sempre caracterizados pela alegria, pela comicidade e pelo riso, elementos tão rejeitados no dia-a-dia da cultura oficial. Com base no que foi dito, o presente artigo pretende discorrer sobre as funções do banquete e das imagens da antropofagia na obra rabelaisiana, se centrando, para isso, nos estudos de Bakhtin e de Erich Auerbach.
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Referências
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