É preciso nomear Ricardo: jornalismo, história de vida e escrevivência
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-7714.no.2021.169709Palavras-chave:
Jornalismo, Reportagem, Alteridade, Escrevivência, História de vidaResumo
Publicada no site BuzzFeed, em outubro de 2017, a reportagem “Fofão da Augusta? Quem me chama assim não me conhece”, do jornalista Chico Felitti recebeu cerca de um milhão de acessos em menos de 24 horas. O texto conta a história de vida de um “conhecido anônimo” do centro de São Paulo, cuja identidade se revela jornalisticamente nesse perfil ampliado que se tornou um conteúdo viral. A partir desse objeto, este artigo pergunta sobre uma “escrita ética” que perpassa e constitui o jornalismo e sua relação com o tempo presente, adotando duas questões de fundo conceitual-metodológico, costuradas uma à outra: 1. um olhar sobre mídia e alteridade; e 2. uma análise aplicada a partir do conceito de “escrevivência”. Problematiza-se como o relato jornalístico, encarado como potência tensionadora do mundo, permite encontros entre sujeitos “em narrativa” e funciona como espaço de inclusão e humanização.
Downloads
Referências
Agamben, G. (2010). Homo sacer: O poder soberano e a vida nua. Editora UFMG.
Al-Rawi, A. (2017). Viral news and social media. Digital Journalism, 7(1), 63-79. https://doi.org/10.1080/21670811.2017.1387062
Arfuch, L. (2010). La entrevista, una invención dialógica. Paidós.
Arfuch, L. (2002). El espacio biográfico: Dilemas de la subjetividad contemporánea. Fondo de Cultura Económica de Argentina.
Barossi, L. (2017). (Po)éticas da escrevivência. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, 51, 22-40. https://doi.org/10.1590/2316-4018512
Barthes, R. (1964). Essais Critiques. Éditions Du Seuil.
Bertaux, D. (2010). Narrativas de vida: A pesquisa e seus métodos. EDUFRN.
Bruner, J., & Weisser, S. (1995). A invenção do ser: A autobiografia e suas formas. In D. R. Olson, & N. Torrance (Orgs.), Cultura escrita e oralidade (pp. 141-161). Ática.
Butler, J. (2015). Corpos que importam. Sapere Aude, 6(11), 12-16.
Caldeira, T. (1980). Uma incursão pelo lado não respeitável do trabalho de campo [Trabalho apresentado]. IV Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-graduação em Ciências Sociais, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Cohen, J., & Arato, A. (1992). Discourse ethics and civil society. In J. Cohen, & A. Arato, Civil Society and Political Theory (pp. 345-420). MIT Press.
Dion, S. (2007). O fait divers como gênero narrativo. Letras, 34, 123-131.
Dion, S. (2008). A Lenda urbana: Um gênero narrativo de grande mobilidade cultural. Boitatá – Revista do GT de Literatura Oral e Popular da ANPOLL, 6, 1-13.
Duero, D. (2006). Relato autobiográfico e interpretación: Una concepción narrativa de la identidad personal. Athenea Digital, 9, 131-151. https://doi.org/10.5565/rev/athenead/v1n9.264
Esteves, J. P. (2016). Prefácio. In A. C. S. Marques, & L. M. S. Martino. Mídia, ética e esfera pública (pp. 08-23). PPGCOM UFMG, 2016.
Evaristo, C. (2005). Gênero e etnia: Uma escre(vivência) de dupla face. In N. M. B. Moreira, & L. Schneider (Orgs.), Mulheres no mundo: Etnia, marginalidade e diáspora (pp. 201-212). Ideia.
Evaristo, C. (2006). Becos da memória. Mazza.
Evaristo, C. (2007). Da grafia-desenho de minha mãe, um dos lugares de nascimento de minha escrita. In M. A. Alexandre (Org.), Representações performáticas brasileiras: Teorias, práticas e suas interfaces (pp. 16-21). Mazza.
Evaristo, C. (2017). Conceição Evaristo: ‘Minha escrita é contaminada pela condição de mulher negra’ [Entrevista cedida a J. D. Lima]. Jornal Nexo. https://bit.ly/3vxzroB
Fanon, F. (1968). Os condenados da terra. Civilização Brasileira S. A.
Felitti, C. (2017a, 27 de outubro). “Fofão da Augusta? Quem me chama assim não me conhece”. BuzzFeed. https://bzfd.it/3gw4k8K
Felitti, C. (2017b, 16 de dezembro). O Ricardo morreu. Facebook. https://bit.ly/3wNLqQc
Felitti, C. (2019a). Ricardo e Vânia. Todavia.
Felitti, C. (2019b, 10 de maio). Felitti, autor de “Ricardo e Vânia”, conta detalhes do livro sobre o Fofão da Augusta [Vídeo]. YouTube. https://bit.ly/3iSDxVE
Felitti, C. (2019c, 25 de setembro). S03E70: Entrevista com Chico Felitti, Ricardo e Vânia (A história do “Fofão da Augusta”) [Vídeo]. YouTube. https://bit.ly/35ymxwe
Felitti, C. (2019d, 8 de abril). Ricardo e Vânia | A História do “Fofão” da Paulista [Vídeo]. YouTube. https://bit.ly/3vES7CW
Felitti, C. (2019e, 20 de fevereiro). Ricardo e Vânia - Entrevista com o autor Chico Felitti [Vídeo]. YouTube. https://www.youtube.com/watch?v=lhEBA4nygSU
Fernandes, M. E. (2010). História de vida: Dos desafios de sua utilização. Revista Hospitalidade, VII(1), 15-31.
Ferreira, A. C. (2013). Escrevivências, as lembranças afrofemininas como um lugar da memória afro-brasileira: Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo e Geni Guimarães (Dissertação de Mestrado, Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais). Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFMG. https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/ECAP-95BHKT
Foucault, M. (1973). Moi, Pierre Rivière ayant égorgé ma mère, ma sœur et mon frère... Un cas de parricide au XIXᵉ siècle. Gallimard.
Freitas, C., & Benetti, M. (2017). Alterity, otherness and journalism: From phenomenology to narration of modes of existence. Brazilian Journalism Research, 13(2), 10-29. https://doi.org/10.25200/BJR.v13n2.2017.989
Goffman, E. (1975). Estigma: Notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. LTC.
Guareschi, P. (1998). Alteridade e relação: Uma perspectiva crítica. In A. Arruda (Org.), Representando a alteridade (pp. 149-161). Vozes.
Herrero, F. J. (2002). Ética na construção da política. In I. Domingues, P. R. M. Pinto, & R. Duarte (Orgs.). Ética, Política e Cultura (pp. 69-87). UFMG.
Karam, F. J. C. (1997). Jornalismo, Ética e Liberdade. Summus.
Karam, F. J. C. (2004). A Ética Jornalística e o Interesse Público. Summus.
Lago, C. (2010). Ensinamentos antropológicos: A possibilidade do Outro no Jornalismo. Brazilian Journalism Research, 6(1), 164-178. https://doi.org/10.25200/BJR.v6n1.2010.253
Larrosa, J. (2004). Notas sobre narrativa e identidade – a modo de presentación (Prefácio). In M. H. M. B. Abrahão, Aventura (auto)biográfica: Teoria e empiria (pp. 11-22). EDIPUCRS.
Lopes, C. R. (2008). Em busca do gênero Lenda Urbana. Linguagem em (dis)curso, 8(2), 373-393. https://doi.org/10.1590/S1518-76322008000200009
Maia, M. (2006). A História Oral como recurso metodológico na entrevista jornalística. Contracampo, 15, 137-150. https://doi.org/10.22409/contracampo.v0i15.550
Marques, A. C. S., & Martino, L. M. S. (2016). Mídia, ética e esfera pública. PPGCOM UFMG.
Martinez, M. (2015). A história de vida como instância metódico-técnica no campo da Comunicação. Comunicação & Inovação, 16(30), 75-90. https://doi.org/10.13037/ci.vol16n30.2622
Mbembe, A. (2018). Necropolítica. N-1 Edições.
Medina, C. (2008a). Ciência e jornalismo: Da herança positivista ao diálogo dos afetos. Summus.
Medina, C. (2008b). Entrevista: O diálogo possível. Ática.
Moraes, F. (2018). Pode a subalterna a subalterna calar? Limites e transbordamentos entre repórter e entrevistadas. Estudos de Jornalismo e Mídia, 15(1), 84-97. https://doi.org/10.5007/1984-6924.2018v15n1p84
Puyana Villamizar, Y., & Barreto Gama, J. (1994). La historia de vida: Recurso en la investigación cualitativa. Reflexiones metodológicas. Maguaré, (10), 186-196. http://www.bdigital.unal.edu.co/18451/2/14265- 48104-1-PB.pdf
Resende, F. (2009a). A narratividade do discurso jornalístico: A questão do Outro. Rumores, 3(6), 1-12. https://doi.org/10.11606/issn.1982-677X.rum.2009.51173
Resende, F. (2009b). O jornalismo e suas narrativas: As brechas do discurso e suas possibilidades de encontro. Galáxia, 18, 31-43.
Resende, F. (2014). Representação das diferenças no discurso jornalístico. Brazilian Journalism Research, 10(2), 206-223. https://doi.org/10.25200/BJR.v10n2.2014.749
Santos, B. S. (2001). Dilemas do nosso tempo: Globalização, multiculturalismo, conhecimento. Educação & Realidade, 26(1), 13-32.
Santos, B. S. (2007). Para além do pensamento abissal: Das linhas globais a uma ecologia de saberes. Novos estudos, 79, 71-94. https://doi.org/10.1590/S0101-33002007000300004
Santos, M. (2009). Histórias de vida na grande reportagem: Um encontro entre jornalismo e história oral. Comunicação & Informação, 12(2), 21-32. https://doi.org/10.5216/c&i.v12i2.12266
Soares, L. V., & Machado, P. S. (2017). ‘Escrevivências’ como ferramenta metodológica na produção de conhecimento em Psicologia Social. Revista de Psicologia Política, 17(39), 203-219.
Soster, D. A., & Piccinin, F. (Orgs.). (2016). Narrativas do ver, do ouvir e do pensar. Catarse.
Soster, D. A., & Piccinin, F. (Orgs.). (2017). Narrativas midiáticas contemporâneas: Perspectivas epistemológicas. Catarse.
Spivak, G. C. (2010). Pode o subalterno falar? Editora da UFMG.
Thompson, P. (1992). A voz do passado: História Oral. Paz e Terra.
Zamin, A. (2015). Jornalismo de referência: O conceito por trás da expressão. Famecos, 21(3), 918-942. https://doi.org/10.15448/1980-3729.2014.3.16716
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Frederico de Mello Brandão Tavares, Lucas Porf´írio
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Proposta de Aviso de Direito Autoral Creative Commons
1. Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution CC Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.