Três miradas sobre o Mangue: representações da prostituição carioca na primeira metade do século XX

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2023.206734

Palavras-chave:

Mangue, Prostituitção, Oswald de Andrade, Lasar Segall, Aurora Cursino

Resumo

Em um momento em que o Rio de Janeiro se modernizava, com as reformas urbanas, o Mangue, zona de baixo meretrício carioca, era o emblema máximo da sujeira. O espaço representava tudo aquilo que as classes dominantes desejavam ignorar em prol de um pretenso desenvolvimento e de uma alegada higienização urbana. Jornalistas, juízes, médicos e demais pessoas que ocupavam posições de poder na sociedade tinham particular interesse pela prostituição, tema percebido na época como intrinsecamente ligado ao comportamento da mulher e à moralidade pública, em uma época de intenso crescimento urbano, conforme aponta Margareth Rago (2008, p. 21). Considerando o exercício da prostituição uma atividade remunerada, e levando em consideração também o contextohistórico, o presente artigo busca analisar como as mulheres que vendiam serviços sexuais eram representadas nas artes e na literatura. Para isso, escolhemos três discursos sobre o assunto: o poema “O santeiro do Mangue”, de Oswald de Andrade; as gravuras que compõem o álbum Mangue, de Lasar Segall e algumas obras (sem título) produzidas por Aurora Cursino, pintora que trabalhou como prostituta no Rio de Janeiro durante as décadas de 1920 e 1930.

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Biografia do Autor

  • Luciana C. B. Ferreira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

    Graduada em Educação Artística com licenciatura em História da Arte pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2004). Atualmente é professor docente i - seeduc/rj.  Especialização em Literatura Brasileira pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2022). Mestranda em Teoria da Literatura e Literatura Comparada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (início: primeiro semestre de 2021).

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Publicado

2023-06-30

Como Citar

Três miradas sobre o Mangue: representações da prostituição carioca na primeira metade do século XX. (2023). Opiniães, 22, 99-126. https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2023.206734