Loucura e ancoragem na imprensa brasileira: estudo em representação social

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-4327e3231

Palavras-chave:

Loucura, Jornais, Representação social

Resumo

A Reforma Psiquiátrica Brasileira visou introduzir novas formas de pensar a loucura, trazendo outros sentidos sobre a saúde mental, no entanto observa-se nas comunicações cotidianas o uso das expressões louco e loucura para adjetivar acontecimentos sociais ou comportamentos diferentes. Este estudo teve como objetivo investigar os principais conteúdos e crenças que ancoram as representações sociais da loucura em um jornal impresso.  Realizou-se uma Análise de Conteúdo Temática com 846 matérias do jornal Folha de São Paulo dos anos de 1978 e 2018. Construíram-se sete categorias que ancoram a ideia de loucura: Excêntrico, Imprevisível, Intenso, Irracional, Violento, Subversivo e Transgressor. As matérias reforçam o estigma da loucura como algo divergente, estranho.  A construção de uma ancoragem inversa fundamenta as representações da loucura demarcando o distanciamento entre os “normais” e os “loucos”. Concluiu-se que a loucura ainda é compreendida a partir da desvalorização e desmerecimento social, acarretando em práticas de exclusão.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Maria de Fátima de Souza Santos, Universidade Federal de Pernambuco

    Professor of the Universidade Federal de Pernambuco, Recife-PE, Brazil.

  • Renan Harmes Eskinazi, Universidade Federal de Pernambuco

    Master’s candidate of the Postgraduate Program in Psychology at the Universidade Federal de Pernambuco, Recife-PE, Brazil

Referências

Advogado vai desarquivar inquérito sobre Fidel Fo. (1978, 29 de novembro). Folha de São Paulo [Nacional], p. 8. Retrieved from https://acervo.folha.com.br/leitor.do?numero=6779&keyword=louco&anchor=4427706&origem=busca&originURL=&pd=499a0372786e05187b514d8516835296

Amarante, P., & Nunes, M. O. (2018). Psychiatric reform in the SUS and the struggle for a society without asylums. Ciência & Saúde Coletiva, 23(6), 2067-2074. doi:10.1590/1413-81232018236.07082018

Apostolidis, T., Duveen, G., & Kalampalikis, N. (2002). Représentations et croyances [Representations and Beliefs]. Psychologie & Société, 5, 7-11. Retrieved from https://halshs.archives-ouvertes.fr/halshs-00516850/document

Bardin, L. (2002). Análise de conteúdo [Content analysis] (L. Antero Reto & A. Pinheiro, Trans.). Lisboa, Portugal: Edições 70. (Original work published 1977).

Bittencourt, G. (1978, 3 de setembro). Militares apóiam o General Geisel. Folha de São Paulo [Nacional], p. 4. Retrieved from https://acervo.folha.com.br/leitor.do?numero=6692&keyword=loucuras&anchor=4260472&origem=busca&originURL=&pd=952f49459ef75ac220bff4a5cb2e6afe

Caillaud, S., Doumergue, M., Préau, M., Haas, V., & Kalampalikis, N. (2019). The past and present of triangulation and social representations theory: A crossed history. Qualitative Research in Psychology, 16(3), 375-391. doi:10.1080/14780887.2019.1605272

Casagrande, W. (2018, 17 de junho). Esse tal de Roque Enrow. Folha de São Paulo [Ilustrissima], p. 2. Retrieved from https://acervo.folha.com.br/leitor.do?numero=48335&keyword=loucura&anchor=6090774&origem=busca&originURL=&pd=ac88da064600a8c174fb2ce6ea8f2b5e

Constituição da República Federativa do Brasil [Constitution of the Federative Republic of Brazil]. (1988, 5 de outubro). Retrieved from http://www.senado.gov.br/sf/legislacao/const/

Chiabotto, C. C., Nunes, I. S., & Aguiar, K. S. P. (2022). Contrarreforma psiquiátrica e seus reflexos no cuidado ao usuário e à família [Psychiatric counter-reformation and its reflections on user and family care]. Revista Em Pauta: Teoria Social e Realidade Contemporânea, 20(49), 81-94. doi:10.12957/rep.2022.63478

Franco, M. (2018, 2 de junho). Rótulo de Hilda Hilst como eremita obscena só dificultou acesso à sua obra. Folha de São Paulo [Ilustrada], p. C4. Retrieved from https://acervo.folha.com.br/leitor.do?numero=48316&keyword=louca&anchor=6089266&origem=busca&originURL=&pd=569f06df3a1bcb9436e734b64fe891a2

Goffman, E (2013). Estigma: Notas sobre a manipulação da identidade deteriorada [Stigma: Notes on the management of spoiled identity] (M. Nunes, Trans., 4th ed.). Rio de Janeiro, RJ: LTC. (Original work published 1963).

Jodelet, D. (2002). A alteridade como produto e processo psicossocial [Otherness as a psychosocial product and process]. In A. Arruda (Ed.), Representando a alteridade [Representing otherness] (pp. 47-67). Petrópolis, RJ: Vozes.

Kalampalikis, N. (2009). Le processus de l’ancrage: L’hypothèse d’une familiarisation à l’envers [The anchoring process: The hypothesis of a reverse familiarization]. Carnets du GRePS, 1, 19-25. Retrieved from https://greps.univ-lyon2.fr/medias/fichier/carnetsdugreps-2009-numero-01_1613848836613-pdf

Kalampalikis, N. (2020). A lasting symbolic national threat: The dispute over the name Macedonia. In D. Jodelet, J. Vala, & E. Drozda-Senkowska (Eds.), Societies under threat (pp. 101-112). Cham, Switzerland: Springer.

Kfouri, J. (2018, 28 de janeiro). Esperteza demais. Folha de São Paulo [Esporte], p. B10. Retrieved from https://acervo.folha.com.br/leitor.do?numero=48154&keyword=louco&anchor=6077159&origem=busca&originURL=&pd=8ba483b927e77d945cdf9cb686d32a3d

Lampropoulos, D., Wolman, A., & Apostolidis, T. (2017). Analyzing the presentation and the stigma of schizophrenia in French newspapers. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 52(12), 1541-1547. doi:10.1007/s00127-017-1455-0

Leite, M. (2018, 7 de maio). Reportagem sente na pele a mudança do clima no Ártico. Folha de São Paulo [Folha Corrida], p. B10. Retrieved from https://acervo.folha.com.br/leitor.do?numero=48282&keyword=loucas&anchor=6086796&origem=busca&originURL=&pd=fd65bd3d93655b5753b185dce395cdfd

Link, B. G., & Phelan, J. C. (2013). Labeling and stigma. In C. S. Aneshensel, J. C. Phelan, & A. Bierman (Eds.), Handbook of the sociology of mental health (2nd ed., pp. 525-541). Dordrecht, The Netherlands: Kluwer Academic/Plenum.

Macedo, J. P., Abreu, M. M., Fontenele, M. G., & Dimenstein, M. (2017). A regionalização da saúde mental e os novos desafios da Reforma Psiquiátrica Brasileira [The regionalization of mental health and new challenges of the Psychiatric Reform in Brazil]. Saúde e Sociedade, 26(1), 155-170. doi:10.1590/S0104-12902017165827

Machado, C. V. (2020). A Reforma Psiquiátrica Brasileira: Caminhos e desafios [The Brazilian Psychiatric Reform: Paths and challenges]. Saúde em Debate, 44(Spe. 3), 5-8. doi:10.1590/0103-11042020E300

Magnoli, D. (2018, 2 de junho). A voz do povo. Folha de São Paulo [Poder], p. A6. Retrieved from https://acervo.folha.com.br/leitor.do?numero=48316&keyword=loucura&anchor=6089244&origem=busca&originURL=&pd=43fdbb4079c058e179c27301749604bb

Mezza, M., & Torrenté, M. O. N. (2020). A Reforma Psiquiátrica Brasileira como luta pelo reconhecimento e progresso moral [The Brazilian Psychiatric Reform as a struggle for recognition and moral progress]. Saúde em Debate, 44(Spe. 4), 235-249. doi:10.1590/0103-11042020E320

Monteiro, T. (1978, 02 de outubro). Roupa íntima da rainha. Folha de São Paulo [Ilustrada], p. 23. Retrieved from https://acervo.folha.com.br/leitor.do?numero=6721&keyword=loucura&anchor=4264530&origem=busca&originURL=&pd=59ed1be50960dad80bfb24928cc6d361

Moscovici, S. (2010). Representações sociais: Investigações em Psicologia Social [Social representations: Explorations in Social Psychology] (P. A. Guareschi, Trans., 7th ed.). Petrópolis, RJ: Vozes. (Original work published 2000).

Onocko-Campos, R. T. (2019). Mental health in Brazil: Strides, setbacks, and challenges. Cadernos de Saúde Pública, 35(11), e00156119. doi:10.1590/0102-311x00156119

Phelan, J. C., Link, B. G., & Dovidio, J. F. (2008). Stigma and prejudice: One animal or two? Social Science & Medicine, 67(3), 358-367. doi:10.1016/j.socscimed.2008.03.022

Rosa, E. Z. (2021). Trajetórias da Reforma Psiquiátrica Brasileira: Entre o compromisso com a garantia de direitos e a agenda neoliberal [Paths for the Brazilian Psychiatric Reform: Between the commitment to ensure rights and the neoliberal agenda]. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, 13(37), 1-22. Retrieved from https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/80855/47988

Santos, M. F. S., Danfá, L., & Almeida, A. M. O. (2021). A loucura em movimento: Representação social e loucura na imprensa escrita [Madness in motion: Social representation and madness in the written press]. Psicologia: Ciência e Profissão, 41, e221899. doi:10.1590/1982-3703003221899

Somoza intensifica censura e diz ter “pacificado” Leon. (1978, 18 de setembro). Folha de São Paulo [Exterior], p. 5. Retrieved from https://acervo.folha.com.br/leitor.do?numero=6707&keyword=louco&anchor=4326843&origem=busca&originURL=&pd=13f2cb9065a63c27f04363921d986345

Trapé, T. L., & Onocko Campos, R. O. (2017). The mental health care model in Brazil: Analyses of the funding, governance processes, and mechanisms of assessment. Revista de Saúde Pública, 51, 1-8. doi:10.1590/S1518-8787.2017051006059

Velho, G. (1981). Individualismo e cultura: Notas para uma antropologia da sociedade contemporânea [Individualism and culture: Notes for an anthropology of contemporary society]. Rio de Janeiro, RJ: Zahar.

Publicado

2022-11-04

Edição

Seção

Psicologia Social

Como Citar

Santos, M. de F. de S., & Eskinazi, R. H. (2022). Loucura e ancoragem na imprensa brasileira: estudo em representação social. Paidéia (Ribeirão Preto), 32, e3231. https://doi.org/10.1590/1982-4327e3231