O horizonte do espanto: perseverança, surpresa e apaziguamento na fenomenologia da percepção
DOI:
https://doi.org/10.1590/0103-6564e230146Palavras-chave:
fenomenologia, percepção, Husserl, expectativa, antecipaçãoResumo
A fenomenologia da percepção favorece atitudes de espanto, de perseverança, de tolerância à indeterminação, de abertura à interrogação e à surpresa e de apaziguamento da necessidade de tudo perceber, além de evidenciar nossa adesão antecipada às coisas e o anseio objetivista que permeia nossas práticas sociais. O propósito deste ensaio é examinar os termos fundamentais dessa condição de receptividade e crítica. Veremos que a estabilidade do campo perceptivo associa-se à sua natureza transformacional, desvelando o caráter existencial da percepção e os afetos que a perpassam. Nessa via, problemas de ordem psicossocial são levantados, a partir da descrição husserliana da estrutura de horizontes da percepção. Sobressai-se a temporalidade da percepção, orientada não só por expectativas, mas também pelo inesperado. Com base nisso, discutimos a antecipação na percepção, a possibilidade do espanto e o fenômeno da surpresa. Finalizamos com considerações, no plano epistemológico e social, a respeito de formas de denegação da indeterminação da experiência sensível.
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