“Provas imateriais: experimentos entre a ciência e formas de conhecer indígenas” Entrevista com João Paulo Lima Barreto
DOI:
https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2012.47581Resumo
Esta entrevista foi realizada na recém-inaugurada nova sede do Programade Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federaldo Amazonas, na cidade de Manaus/AM, em dezembro de 2011. JoãoPaulo Lima Barreto é indígena da etnia Tukano e, no momento, desenvolvesua pesquisa de mestrado sobre as formas de conhecer ocidentaisdo ponto de vista dos Tukano. Este malabarismo entre regimes deinteligibilidade não é novidade para João Paulo, que lida com a questãodesde o momento em que deixou sua aldeia de origem no Rio Tiquié,no Alto Rio Negro, para estudar no colégio de missionários, afastandosedo aprendizado que vinha tendo com seu avô sobre os conhecimentosindígenas.João Paulo narra sua trajetória intelectual no sentido mais amplopossível, passando pela chegada à cidade, o trabalho no garimpo e o ingressono ensino superior, bem como suas buscas na filosofia e no direitoaté, finalmente, acreditar ter encontrado a possibilidade do diálogoentre as formas de conhecer indígenas e não-indígenas na antropologia.Conta-nos também sobre a criação e consolidação do Colegiado Indígena,peça fundamental em seu experimento de equilibrista conceitual.O Colegiado foi criado pelos alunos dos programas de pós-graduaçãoem Antropologia Social e em Sociedade e Cultura na Amazônia da UFAM,conjuntamente com os alunos do curso de Pedagogia Intercultural daUniversidade do Estado do Amazonas (UEA). Sua proposta é viabilizara troca de experiências entre os alunos indígenas de ambas as universidadese promover discussões acadêmicas sobre a prática do conhecimentoindígena no âmbito dos programas de pós-graduação. Outro objetivoque perpassa o interesse do grupo é o de proporcionar a produção deconhecimento indígena nas universidades por meio da produção de artigos,livros, matérias para sites e, principalmente, da execução de encontrosque visem à propagação desse conhecimento no âmbito acadêmico.Enquanto conversávamos, João Paulo aguardava ansiosamente a chegadade seu pai e seu irmão, respeitados conhecedores tukano. Esteschegaram durante a entrevista e aguardaram pacientemente o términode nossa longa conversa. João Paulo constantemente nos lembrava daimportância daquelas duas figuras ali sentadas, e deixava clara sua ansiedadepara, assim que encerrasse os rituais de conhecimentos ocidentaisque enfrentava no momento, pudesse voltar-se novamente às formas deconhecimento tukano.Downloads
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