(Des)continuidades entre “Junho de 2013” e a campanha pró-impeachment em São Paulo: as mobilizações de 2013 para além do ovo da serpente e da revolta popular
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-5487.20.2024.226226Palavras-chave:
Disputas interpretativas, Protestos de 2013, Manifestações pelo impeachment, Antipetismo, BolsonarismoResumo
O objetivo deste artigo é analisar as continuidades e as descontinuidades entre as mobilizações de junho de 2013 e as manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff (2015-16). Para tanto, traçamos uma comparação sistemática em torno de quatro eixos: a) principais atores políticos, organizações e lideranças; b) identidade visual dos manifestantes e estratégias de confrontação; c) composição social dos protestos; d) pautas, demandas e discursos. Diante das pesquisas de opinião pública aplicadas nas manifestações e dos registros documentais de participação nos atos, tais como entrevistas, livros, recursos audiovisuais, reportagens de jornais e cartazes documentados, os métodos empregados são análise documental, análise de conteúdo e análise do perfil socioeconômico dos manifestantes. Com isso, pretendemos discutir alguns desdobramentos de junho de 2013 no processo político brasileiro e examinar as duas principais caracterizações das mobilizações de 2013, a tese da revolta popular e a do ovo da serpente. Concluímos que ambas as teses são insuficientes e desprezam a heterogeneidade dos atos: a primeira por hipertrofiar o “progressismo” das manifestações e por rejeitar as continuidades à direita, em especial a presença de movimentos anticorrupção mobilizadores de uma classe média antipetista, e a segunda por construir uma linha explicativa teleológica e linear que posiciona 2013 como o nascedouro do bolsonarismo.
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