Metainterpretação: Quinze Anos de Pesquisa com o Relatório da Administração
DOI:
https://doi.org/10.1590/1808-057x201602260Resumo
Este trabalho lida com as investigações empíricas brasileiras publicadas em periódicos entre 2000 e meados de 2015 e que utilizaram - como fonte de dados - o Relatório da Administração (RA) divulgado pelas empresas de capital aberto junto com as demonstrações financeiras. Os RA são diversos entre si, tanto na substância quanto na forma, constituindo-se, por essa e por suas outras características, em atrativo para pesquisas acadêmicas interessadas no discurso oficial das empresas, ainda mais sendo aqueles documentos públicos e recuperáveis ao longo do tempo, cobrindo uma gama considerável de empresas, tipicamente, de maior porte, de diversos setores econômicos. Compelido por tais atributos, o objetivo deste estudo foi apreender a forma com que a academia científica entende e utiliza o RA. O trabalho privilegiou a ótica interpretativista, mas recorreu à triangulação permitida pelo uso de métodos qualitativos (análise de conteúdo) e quantitativos (análises estatísticas, sociométricas e bibliométricas). Concluiu-se que, para o grupo central de especialistas que lidaram com o documento, o RA é enviesado, incompleto, contestável, dúbio, trabalhoso, incerto, mas também útil - na falta de outro -, abrangente, disponível e recuperável ao longo do tempo; e se presta ao interesse dos diretores de empresas em, simultaneamente, valorizar-se e legitimar as suas companhias, incorporando em discurso o emprego de práticas contemporâneas de gestão, coerentes com as expectativas daqueles destinatários dos RA. Ao final, sugere-se a possibilidade, não explorada nos artigos analisados, de empregar o RA para acompanhar a dinâmica da institucionalização de práticas administrativas entre as empresas do país.Downloads
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