Desonestidade acadêmica nos programas de pós-graduação stricto sensu em ciências contábeis
DOI:
https://doi.org/10.1590/1808-057x202113260Palavras-chave:
desonestidade acadêmica, penalidades, pós-graduação stricto sensu, contabilidadeResumo
O objetivo deste artigo foi analisar a desonestidade acadêmica em cursos de pós-graduação stricto sensu em ciências contábeis na perspectiva de discentes, docentes e instituições de ensino. Há uma lacuna no que se refere ao estudo da desonestidade acadêmica na pós-graduação stricto sensu em ciências contábeis, principalmente na perspectiva de análise deste estudo, que considera situações hipotéticas classificadas em cinco categorias de desonestidade: fraude/cola, auxílio a outros estudantes, plágio, fabricação de informações, autoplágio/similaridades. O estudo é relevante pela função da pós-graduação stricto sensu como formadora de profissionais que atuam ou atuarão em instituições públicas e privadas, mas, principalmente, pela formação de docentes e pesquisadores. Os comportamentos desonestos podem influenciar a vida profissional dos envolvidos motivados, principalmente, por interesses oportunistas que causam danos à imagem do profissional da área e à sociedade. Os dados foram coletados pela aplicação de dois questionários adaptados dos estudos de Braun e Stallworth (2009) e Oliveira e Chacarolli (2013). Na análise dos dados foram utilizados os testes estatísticos de Mann-Whitney U e de Wilcoxon. Os achados indicaram a existência de um gap de expectativas entre docentes e discentes quanto à desonestidade acadêmica na pós-graduação stricto sensu em ciências contábeis. As diferenças significativas encontradas nas percepções relativas a casos desonestos denotam a dificuldade dos discentes e dos docentes em avaliar o que é desonesto ou não em situações de fraude/cola e auxílio a outros estudantes na prática de desonestidade acadêmica. É possível que as diferenças entre as percepções de discentes e de docentes ocorram pela falta de regras claras nas instituições de ensino. Nesse sentido, as universidades poderão empreender ações para dirimir/evitar condutas desonestas, podendo implantar regulamentos internos e promover discussões que envolvam toda a comunidade acadêmica.
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