Espaços penhorados: expansão e captura da vida nas franjas da metrópole
DOI:
https://doi.org/10.11606/eISSN.2236-2878.rdg.2023.201933Palavras-chave:
Endividamento, Fronteira urbana, Expropriação financeiraResumo
Eventos de natureza territorialmente expansionista estão inscritos na história da formação territorial brasileira. Na escala metropolitana, o espraiamento do tecido urbano constitui ato contínuo ao longo do século XX, ainda que com variações. Contudo, no âmbito dos conteúdos, nota-se atualmente uma importante ruptura. Enquanto nos anos 1960 e 1970 a expansão das periferias metropolitanas respondia às solicitações de uma economia industrial, hoje a dinâmica de espraiamento passou a responder a regimes de acumulação distintos. Ligado às transformações no mundo do trabalho, o mercado do crédito ao consumidor se tornou um imperativo na ordem da reprodução social. A correlação entre a dívida e a dinâmica de expansão do tecido urbano define os conteúdos de um cotidiano atravessado por novas formas de exploração.
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