O futebol como mercadoria e poder: concepções geográficas sobre o torcer no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.11606/eISSN.2236-2878.rdg.2022.203590Palavras-chave:
Torcidas, Cidade, Copa do Mundo, Patrimônio CulturalResumo
Este artigo apresenta uma contribuição aos estudos do futebol, mobilizando questões concernentes à geografia urbana e à geopolítica. Considerando a dialética que envolve o futebol-espetáculo tornado mercadoria e utilizado como instrumento de poder, serão analisadas, com maior enfoque, as dinâmicas que têm afetado as práticas torcedoras no Brasil. Inicialmente, identificam-se balizas temporais importantes da mercantilização do torcer, dos primórdios elitizados à popularização, tendo como fio condutor o debate sobre os estádios e a cidade. Na sequência, são elencadas algumas estratégias de poder que envolveram as Copas do Mundo de futebol masculino e o modo como elas se desdobraram no modelo contemporâneo de mercantilização do esporte atrelado à venda da cidade. Por fim, destacamos as insurgências e resistências torcedoras a esse processo, elencando possibilidades de políticas voltadas ao reconhecimento e valorização das referências culturais torcedoras que, no entendimento deste artigo, são conteúdos significativos do acervo do patrimônio cultural brasileiro.
Downloads
Referências
BRASIL. Ministério da Economia aumenta valor de salário mínimo para 2023. Publicado em 12 dez. 2022, Ministério da Economia. Disponível em: https://bit.ly/3BG4SmH. Acesso em: 18 dez. 2022.
CARLOS, A. F. A. Espaço-tempo na metrópole: a fragmentação da vida cotidiana. São Paulo: Contexto, 2001.
DAMO, A. Do dom à profissão: uma etnografia do futebol de espetáculo a partir da formação de jogadores no Brasil e na França. Tese (Doutorado em Antropologia) pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.
FONSECA, M. C. L. O patrimônio em processo: trajetória da política federal de preservação no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2005.
GONÇALVES, G. R. A crise da cidade em jogo: o futebol na contramão em ruas da Penha. 2011. Dissertação (Mestrado em Geografia Humana) pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
HARVEY, D. O enigma do Capital: e as crises do capitalismo. São Paulo: Boitempo, 2011.
IPHAN - INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Educação patrimonial: inventários participativos – manual de aplicação. Brasília: IPHAN, 2016.
JENNINGS, A. et al. Brasil em jogo: o que fica da Copa e das Olimpíadas? São Paulo: Boitempo; Carta Maior, 2014.
LEFEBVRE, H. A vida cotidiana no mundo moderno. São Paulo: Ática, 1991.
LEFEBVRE, H. A revolução urbana. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.
LEFEBVRE, H. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, 2001.
MASCARENHAS, G. Um jogo decisivo, mas que não termina: a disputa pelo sentido da cidade nos estádios de futebol. Revista Cidades, Chapecó, n. 17, v. 10, p. 142-170, 2013.
MASCARENHAS, G. Entradas e bandeiras: a conquista do Brasil pelo futebol. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2014.
RIBEIRO, R. R. A várzea e a metrópole: futebol amador, transformação urbana e política local em Belo Horizonte (1947-1989). Tese (Doutorado em História, Política e Bens Culturais) pela Escola de Ciências Sociais do Centro de Pesquisa e Documentação Histórica da Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 2021.
SANTOS, A. L. O samba como patrimônio cultural em São Paulo (SP): as batucadas de beira de campo e o futebol de várzea. Tese (Doutorado em Geografia Humana) pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2021.
SANTOS, A. L.; BONFIM, A.; SPAGGIARI, E. Mapeamento do futebol de várzea de São Paulo (SP): reflexões para processos de proteção ao patrimônio. Revista Desenvolvimento Social, [S.l.], v. 28, n. 1, p. 122-152, 2022.
SANTOS, M. O espaço dividido: os dois circuitos da economia urbana nos países subdesenvolvidos. Tradução Myrna T. Rego Viana. São Paulo: Edusp, 2008.
SEABRA, O. C. L. A insurreição do uso. In: MARTINS, J. S. (org.). Henri Lefebvre e o retorno à dialética. São Paulo: Hucitec, 1996. p. 71-86.
SEABRA, O. C. L. Futebol: do ócio ao negócio. In: DEBORTOLI, J. A. O.; MARTINS, M. F. A.; MARTINS, S. Infâncias na metrópole. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. p. 129-146.
SIMÕES, I. Clientes versus rebeldes: novas culturas torcedoras nas arenas do futebol moderno. Rio de Janeiro: Multifoco, 2017.
SOUSA, C. B.; ABRAHÃO, B. O. L. Estudos sobre os torcedores de futebol: uma revisão sistemática. FuLiA/UFMG, Belo Horizonte, v. 7, n. 1, p. 82-102, 2022.
VAINER, C. Prof. Carlos Vainer fala sobre Megaeventos no programa Juca Entrevista. 52’16”. Etternippur, YouTube, 2 dez. 2011. Disponível em: https://bit.ly/2SLDLON. Acesso em: 12 out. 2022.
VASCONCELOS, D. B. A Copa do Mundo de 2014 na cidade de São Paulo: as transformações na estrutura urbana de Itaquera. São Paulo: Editora FFLCH/USP, 2019.
WISNIK, J. M. Veneno remédio: o futebol e o Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Daniel Bruno Vasconcelos, Alberto Luiz dos Santos

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution BY-NC-SA que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista. A licença adotada enquadra-se no padrão CC-BY-NC-SA.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).