Erosão hídrica na alta bacia do rio Araguaia: distribuição, condicionantes, origem e Dinâmica atual
DOI:
https://doi.org/10.7154/RDG.2005.0017.0004Palavras-chave:
Alta Bacia do rio Araguaia, erosão hídrica, suscetibilidade, riscos, uso e manejo das terras, monitoramento hidrológico, desequilíbrio hidropedológico.Resumo
Apresentam-se resultados de dois programas de pesquisa desenvolvidos sobre erosão hídrica no Setor Sul da Alta Bacia do Rio Araguaia, situada na região Centro-Oeste, no Planalto Setentrional da Bacia Sedimentar do Paraná, intensamente desmatado e que contém remanescentes do bioma Cerrado, um dos hotspots do planeta. Tais programas foram desenvolvidos em multi-escalas e, na escala regional, permitiram identificar as áreas mais críticas onde foram desenvolvidos estudos de detalhe. Constatou-se que as voçorocas se concentram na superfície rebaixada dissecada e suavizada que contorna a superfície cimeira, conhecida como Chapada, nível de recarga do aqüífero regional, separadas por zona escarpada. A superfície rebaixada relaciona-se aos solos arenosos finos derivados da Formação Botucatu e os focos se situam tanto nas amplas cabeceiras de drenagem concavizadas dos tributários do rio Araguaia, em prolongamento dos seus canais, como perpendicularmente a eles, sobretudo nas porções alta e média das sub-bacias, nos segmentos finais das vertentes também concavizados e mais declivosos, inclusive do próprio rio Araguaia, onde ocorrem as maiores voçorocas da região. Duas áreas dentre as mais críticas são focadas neste artigo para ilustrar o fenômeno, onde os estudos foram feitos com base em levantamentos de solos, inclusive em toposseqüências, acompanhados de análises laboratoriais, de ensaios de infiltração e de condutividade hidráulica e de monitoramentos de chuvas e do lençol freático por piezometria durante três anos e métodos geofísicos. Os resultados evidenciam relações entre os focos erosivos, os solos, o substrato geológico, a forma das vertentes, o uso dos solos, as chuvas e os fluxos hídricos superficiais e subsuperficiais e enfatizam que o processo de voçorocamento resulta de suscetibilidade ao processo e de um desequilíbrio hidropedológico que afeta, sobretudo, a base das vertentes. O desmatamento indiscriminado, o elevado gradiente hidráulico e o risco de convergência dos escoamentos superficial e subsuperficial intensificados para a zona de saturação, principalmente ao fim da estação chuvosa, são capazes de promover fluxos hídricos intensos e de alta energia. O voçorocamento caracteriza-se por evolução remontante na vertente e associado à ação de piping, controlado por direções estruturais dominantes. Ao final é apresentada uma proposta de recomposição ambiental para a área das nascentes do rio Araguaia, com base nas leis ambientais, em práticas conservacionistas e em recuperação de reservas legais e de áreas de preservação permanente degradadas.
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