A viola e suas metalinguagens: notação do gesto e aprendizado não formal

Autores

  • Gisela Gomes Pupo Nogueira Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2447-7117.rt.2016.125390

Palavras-chave:

Viola, notação do gesto, aprendizado não-formal

Resumo

O aprendizado da notação musical foi historicamente associado às camadas privilegiadas da sociedade. Assim o descrevem os textos amplamente conhecidos das áreas de História da Música e Musicologia. Temos por certo, contudo, tratarem de um excerto da produção musical, dado que a prática popular excede, em grande número, a das elites. O levantamento histórico das fontes de documentação musical de que se serviram tratou, exclusivamente, da música escrita em notação convencional e, em larga escala, de manuscritos e publicações até fins do século XIX. A partir da institucionalização do aprendizado musical com o advento dos conservatórios, surgiu a demanda por publicações de textos didáticos que uniformizassem o conhecimento musical. De outro lado, as cordas dedilhadas e, particularmente, as guitarras ou violas, serviram à produção musical de todas as camadas da sociedade, desde suas origens árabes, até a difusão pela Europa e por suas colônias. Seu aprendizado se deu por meio não formal, seja pela tradição oral ou não letrada, seja por outras formas de letramento (possivelmente a razão de sua enorme popularidade), desconsideradas naquelas publicações didáticas, à exceção de pequenas citações ao alaúde e às vihuelas. A institucionalização mesma do ensino desses instrumentos ocorreu muito tardiamente em relação aos instrumentos de orquestra e ao piano. Das representações utilizadas nas formas de letramento formal e não formal, a notação da produção instrumental das cordas dedilhadas reúne a notação do gesto, inclusa em um sistema próprio de signos conhecido como Tablaturas, cujos registros mais antigos datam do final do século XV, e Alfabetos Musicais (muito utilizados nos séculos XVII e XVIII). O letramento através dessa notação é, ainda hoje, amplamente utilizado nos meios informais de aprendizado das cordas dedilhadas. A especificidade de tal sistema promoveu a obliteração desses registros históricos dos textos didáticos e do letramento formal até recentemente. A Universidade brasileira ainda não os trouxe à luz.

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Biografia do Autor

  • Gisela Gomes Pupo Nogueira, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

    Doutora em Ciências da Comunicação pela ECA-USP (2008), realizou seu Mestrado em ‘Musical Performance’ no Royal Northern College of Music (Manchester - 1985) em convênio com The Victoria University of Manchester, e seu Bacharelado em Música com Habilitação em Composição pela Faculdade Paulista de Arte (1980). É Professora dos cursos de Música da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, tendo sido Coordenadora do Conselho dos Cursos de Música por 5 anos. Tem experiência na área de Performance Musical, com ênfase em Instrumentação Musical e Musicologia Histórica, atuando principalmente nos seguintes temas: viola de arame, memória musical brasileira, violão, música barroca e música antiga. Membro do NoMaDH - Núcleo de Musicologia e Desenvolvimento Humano certificado pelo CNPq.

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Publicado

2016-07-17

Edição

Seção

Conferência

Como Citar

Nogueira, G. G. P. (2016). A viola e suas metalinguagens: notação do gesto e aprendizado não formal. Revista Da Tulha, 2(2), 119-143. https://doi.org/10.11606/issn.2447-7117.rt.2016.125390