Educação, Currículo e Cultura Política: conhecer os processos, resistir e participar

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/rgpp.v12i2.186621

Palavras-chave:

Politicidade da Educação, Cultura Política, Democratização, Colonialismo, Participação

Resumo

Pretendemos convidar a refletir sobre influências e oportunidades entre currículo escolar, educação e cultura política a partir de nossas percepções formativas na perspectiva discente e docente, pessoais, bem como da cidadania brasileira na atualidade. Entendemos que as tendências neoliberais e conservadoras têm se acentuado utilizando do discurso sobre o crescimento da economia como forma de democracia, inclusão e melhoria da qualidade de vida da população. Tais interesses têm se distanciado da justiça e dos avanços sociais igualitários, da educação e da cultura política. Vemos o autoritarismo se utilizar de ardis para garantir o crescimento e o acúmulo de capital sob a posse de uma elite internacional e de prepostos coloniais. Na relação mercado-Estado, tomamos os processos de construção da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) como exemplo de política enfraquecedora da educação e da cultura política que precisa ser problematizada ou revertida. Como forma de contrapor este rumo histórico seguimos a conscientização sobre a importância da educação política e do incremento da politicidade da educação, por meio da compreensão da realidade concreta conjuntamente com o fortalecimento da participação da maioria das pessoas que são afetadas, no ensino e na política. Aduzimos a noção de justiça curricular às dimensões cotidianas e próximas, em dialeticidade com os macrocontextos políticos. Referenciamos o estudo na práxis pedagógica e no diálogo compreensivo-problematizador, fundamentados na Educação Popular em sua ênfase decolonial. No rumo do Estado mínimo, a educação competitiva e tecnicista tornada um fim em si tem agido contra a educação como meio de conscientização e politização. De acordo com a Educação Popular radicalmente politizadora entendemos que a cultura da participação, significa fazer parte ativa da totalidade social, não podendo conceder para a adaptação e reprodução dos interesses conservadores que se apresentam como novos. Participação não é adesão ou concessão, mas componente fundamental da práxis pedagógica socializante.

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Biografia do Autor

  • Álvaro Veiga Júnior, Universidade Federal de Pelotas

    Pedagogo pela Universidade Luterana do Brasil, Canoas, Brasil, e bacharel em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil, mestre em Educação Ambiental pela Universidade Federal de Rio Grande, Rio Grande, RS, Brasil, mestre e doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil.

  • Aline Accorssi, Universidade Federal de Pelotas

    Psicóloga, mestra e doutora em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil. Atualmente é professora do Curso de Pedagogia e do Programa de Pós-Graduação em Educação, vice-diretora da Faculdade de Educação e Líder do grupo de pesquisa CNPq "Mariposas: minorias sociais, resistências e práticas de transformação" da Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil.

  • Livian Lino Netto, Universidade Federal de Pelotas

    Universidade Federal de Pelotas - Brasil; Cientista Social. Mestra em Educação pelo Instituto Federal Sul-rio-grandense e Doutoranda em Educação na Universidade Federal de Pelotas. Professora de Sociologia na Rede Estadual do Rio Grande do Sul. E-mail: livianlino@gmail.com - ORCID https://orcid.org/0000-0002-8703-1584

     

  • Júlia da Rocha Clasen, Universidade Federal de Pelotas

    Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil, mestra e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil.

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Publicado

2022-12-31

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Educação, Currículo e Cultura Política: conhecer os processos, resistir e participar. (2022). Revista Gestão & Políticas Públicas, 12(2), 221-242. https://doi.org/10.11606/rgpp.v12i2.186621