Uma Cartografia das Políticas Públicas de Prevenção ao Suicídio no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2237-1095.rgpp.2024.220493Palavras-chave:
Suicídio, Prevenção, Políticas públicas, Neoliberalismo, BiopolíticaResumo
O suicídio é um problema de saúde pública mundial e, desde a virada do segundo milênio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem instigado os países membros a desenvolverem políticas públicas para prevenir esse tipo de morte. Este artigo aborda a construção e implementação das políticas públicas de prevenção ao suicídio no Brasil. Tendo como inspiração o método cartográfico, e tecendo considerações com o neoliberalismo e outras ferramentas conceituais de Michel Foucault, foram realizadas análises sobre os crescentes índices de suicídio da atualidade. Evidenciamos nesta investigação a Lei nº 13.819, de 26 de abril de 2019, que Institui a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio. Constatamos, assim, a fragilidade da Lei, que propõe um serviço telefônico para pessoas que estão passando por sofrimentos e/ou pensando em colocar fim na vida. Entendemos que as políticas públicas de prevenção ao suicídio não devem limitar-se a disponibilização de um canal telefônico de atendimento, sendo necessária a implementações de estratégias de acompanhamento interdisciplinar, haja visto, que alguém que decide interromper a vida pode estar passando por uma situação de sofrimento intenso. Concluímos que a prevenção ao suicídio deve considerar a qualificação das condições de vida, pois, um projeto de prevenção ao suicídio que não leva em consideração o contexto neoliberal, desencadeador de sofrimentos, está fadado ao fracasso.
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