Silêncios e vazios na poética de Tchekhov: a natureza como parte da cena em A Gaivota e imagens-poema para uma peça curta
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2317-4765.rus.2022.198431Palavras-chave:
Imagens, Natureza, A gaivota, Cena, Processo criativoResumo
Nos contos de Tchékhov o espaço se forma desde o início da história, a paisagem fala de presenças, memórias, vazios. E a natureza aparece como personagem vívida. A conversa é feita também de silêncios e espaço. No conto “Viérotchka”, vemos uma natureza que participa na ação, sombras que se movem de um lugar para outro, nuvens, árvores, névoas. A tempestade no final do conto “O assassinato” fala de isolamento e solidão, mas também de força e vida: a natureza abre um espaço na escuridão para a conversa com o tempo, o espaço bravio. Nas peças de Tchékhov, ela também se faz presente nesse fluxo da vida no palco, as pessoas em seus silêncios, o não dito, no meio das expectativas, os objetos, os sons. Em A Gaivota, a peça dentro da peça, monólogo escrito por Treplev e interpretado por Nina em frente ao lago – há um texto sem lugar, muito próximo do nosso tempo no entanto, pois fala de vazios onde há um mundo de perdas. Silêncios que pedem uma escuta — e esta pobre lua acende a sua lanterna em vão. E a partir desses silêncios, imagens-poema para uma peça curta.
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