Luto e memória: a fragilidade do entrelugar em Ventos de Agosto
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-7114.sig.2021.171041Palavras-chave:
Brasil, Entrelugar, Memorialização, Interculturalidade, CinemaResumo
Ventos de Agosto, de Gabriel Mascaro, retrata a luta de uma pequena comunidade de pescadores de Alagoas ao tornar-se consciente das diversas correntes que a invadem. Representadas pelo avanço do mar sobre o cemitério local, a força descomunal destas correntes vem erodindo seus espaços de memória e ameaçando sua sobrevivência como sociedade. A ideia de entrelugar, debatida no Brasil como um espaço de afirmação e resistência ao apagamento social, encontra em Mascaro um ponto de transição em que a disparidade observada entre as forças em questão aponta para uma interculturalidade precária diante de tal desproporcionalidade e para uma ansiedade por sobrevivência e memorialização.
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Referências audiovisuais
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