Obras rústicas e ornamentos: os artífices e a técnica da rocaille para jardins e parques urbanos no Brasil entre o final do século XIX e o início do XX
DOI:
https://doi.org/10.1590/1982-02672017v25n0301Palavras-chave:
Brasil, Virada do século XIX-XX, Rocailleurs, Cascateiros, Jardim paysager, Pitoresco, Jardim românticoResumo
Este artigo aborda a difusão, no Sudeste do Brasil, do trabalho dos rocailleurs e dos cascateiros e de suas obras, as rocailles. Esses ornatos eram confeccionados em cimento armado, entre o final do século XIX e as duas primeiras décadas do século XX, para jardins e parques de estilo paysager. O repertório das obras em rocaille incluía pontes, bordas de repuxos, tanques e lagos, cascatas e grutas artificiais, miradouros, coretos, bancos, quiosques, mesas e caramanchões. Tais artefatos eram, em sua grande maioria, feitos para imitar as texturas dos troncos das árvores, dos bambus, de cipós, a feição dos conjuntos rochosos, de pequenos insetos, entre outros elementos do universo mineral e do orgânico. Quanto à delimitação temporal, identificou-se que o apogeu da constituição desses ornatos em cimento armado para jardins, parques públicos, residências das famílias abastadas nos centros urbanos e também nas fazendas ocorreu entre 1870 e a década de 1920. Nesse mesmo período, reclames nos periódicos, notadamente os do Rio de Janeiro, anunciavam serviços de jardineiros, rocailleurs e de cascateiros especialistas na arte e na técnica de construir cascatas, grutas e demais obras em cimento armado ao gosto da época. Os trabalhos de estrangeiros como o chef rocailleur francês Paul Villon e o cascateiro português Francisco da Silva Reis serão aqui examinados, tomados como expoentes e extremos de um processo histórico que teve seu início, apogeu e declínio durante o período mencionado.Downloads
Referências
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