O Anhanguera, de Theodoro Braga: dissonâncias de uma imagem controversa do bandeirantismo paulista
DOI:
https://doi.org/10.1590/1982-02672022v30e17Palavras-chave:
Theodoro Braga, Museu Paulista, O Anhanguera, Pintura histórica, BandeirantismoResumo
A vida e a obra de Theodoro Braga tem sido destacada pela historiografia
contemporânea devido a sua presença nas artes decorativas e por seu papel na formulação de uma identidade nacional brasileira, atividade que perpassa toda sua atuação como pintor e educador. Porém, como apontado por alguns autores, o artista também tem expressiva importância no campo da pintura histórica. Uma de suas obras mais conhecidas do gênero é O Anhanguera (1930), um dos retratos mais famosos e reproduzidos do bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva. A obra integra o acervo do Museu Paulista desde 1960, quando foi doada por Maria da Silva Braga, viúva de Theodoro Braga. Até alguns anos atrás, o Museu não tinha informações sobre o processo de produção da obra, bem como sua inserção na produção artística do pintor, sua circulação antes da doação em 1960, a relação do artista com o Museu Paulista e a relação da obra com os padrões de representação da iconografia bandeirante estabelecida por Afonso Taunay, então diretor do museu. Essas relações foram aqui investigadas por meio de levantamento documental em periódicos da época. A análise das fontes, junto à revisão bibliográfica sobre a criação e consolidação do mito do “herói bandeirante” e dos padrões de representação dessas personagens nas obras do acervo do Museu Paulista, demonstram que a
obra de Theodoro Braga foi excluída das encomendas e compras oficiais realizadas por Taunay por não se adequar ao cânon por ele imposto à instituição. Essa exclusão, no entanto, não impediu que a obra fosse adquirida pelos acervos oficiais do estado de São Paulo a partir de 1945, ano em que Taunay deixou a direção do Museu Paulista.
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Referências
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