Laços de cooperação forçada entre agentes prisionais e apenados no intramuros prisional
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v23i2p129-142Palavras-chave:
Prisão, Cooperação, Psicodinâmica do Trabalho, Trabalho realResumo
Neste artigo, discutimos a dinâmica dos laços de cooperação entre dois grupos em convívio obrigatório no contexto carcerário: agentes prisionais e apenados. A partir da perspectiva metodológica e analítica da psicodinâmica do trabalho, resgatamos conteúdos de um espaço grupal formado há cerca de 4 anos por agentes que se debatiam entre os descompassos entre o trabalho prescrito e o trabalho real no cotidiano da vigilância prisional. Como resultado, identificamos que os laços cooperativos internos aos grupos e entre os grupos assumem papel estratégico na gestão da complexidade do trabalho, em um cenário permeado por riscos e descompassos entre o planejado e o realizável nas atividades de um cotidiano marcado por precariedades, superlotação e servidores insuficientes. Enquanto fenômeno articulado, a cooperação forçada entre agentes e apenados impõe o desafio de colaborar com alguém em quem não se confia, o que produz desestabilizações e comprometimentos significativos à saúde mental dos servidores, além de elevar vulnerabilidades individuais e coletivas.
Downloads
Referências
Barcinski, M. & Cúnico, S. D. (2014). Os efeitos (in)visibilizadores do cárcere: as contradições do sistema
prisional. Psicologia, 28(2), 63-70. Recuperado de http://www.scielo.mec.pt/pdf/psi/v28n2/v28n2a06.pdf
Brasil. (1984, 11 de julho). Lei Federal no 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Recuperado de
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210.htm
Brito, J. (2008). Trabalho prescrito. In I. B. Pereira & J. C. Lima (Orgs.), Dicionário da educação profissional em saúde.
Rio de Janeiro: EPSJV/Fiocruz. Recuperado de http://www.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/l43.pdf
Caroly, S., Loriol, M. & Boussard, V. (2006). Colectivo de trabajo y reglas de oficios. Cooperación entre jóvenes y viejos,
hombres y mujeres en las brigadas de Policía de socorro. Laboreal, 2(2), 6-18. Recuperado de https://journals.
openedition.org/laboreal/13050
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (2009, 09 de março). Resolução no 1, de 9 de março de 2009.
Recuperado de https://criminal.mppr.mp.br/arquivos/File/Resolucao_01_2009_CNPCP_Proporcao_Minima_
Agentes_Peniteniciarios.pdf
Daniellou, F. & Béguin, P. (2007). Metodologia da ação ergonômica: abordagens do trabalho real. In P. Falzon (Ed.),
Ergonomia (pp. 281-301). São Paulo: Blucher.
Dejours, C. (2004). Trabalho, subjetividade e ação. Produção, 14(3), 27-34. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/
prod/v14n3/v14n3a03.pdf
Dejours, C. (2012). Trabalho vivo (Tomos I, II). Brasília: Paralelo 15.
Dejours, C. & Abdoucheli, E. (1994). Itinerário teórico em psicopatologia do trabalho. In C. Dejours. Psicodinâmica
do Trabalho: contribuições da Escola Dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. (pp. 119-145).
São Paulo: Atlas, 1994.
Dejours, C., Barros, J. & Lancman, S. (2016). A centralidade do trabalho para a construção da saúde. Revista de
Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 27(2), 228-235. Recuperado de https://doi.org/10.11606/
issn.2238-6149.v27i2p228-235
Departamento Penitenciário Nacional. (2017). Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen): junho de
Brasília: Ministério da Justiça e Segurança Pública. Recuperado de http://antigo.depen.gov.br/DEPEN/
depen/sisdepen/infopen/relatorios-sinteticos/infopen-jun-2017-rev-12072019-0721.pdf
Fernandes, R. C. P., Silvany Neto, A. M., Sena, G. M., Leal, A. S., Carneiro, C. A. P. & Costa, F. P. M. (2002). Trabalho e
cárcere: um estudo com agentes penitenciários da Região Metropolitana de Salvador. Cadernos de Saúde Pública,
(3), 807-816. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2002000300024
Figueiredo, M. G. & Athayde, M. R. C. (2005). Organização do trabalho, subjetividade e confiabilidade na
atividade de mergulho profundo. Production, 15(2), 172-183. Recuperado de https://dx.doi.org/10.1590/
S0103-65132005000200004
Governo do Estado do Paraná. (n.d.). Perfil de agente penitenciário. Recuperado de http://www.depen.pr.gov.br/arquivos/
File/manual_agente_pen.pdf
Guardia, M. L. & Lima, F. (2019). Cooperação e relações de confiança: a construção da segurança e da saúde no
trabalho de alto risco. Laboreal, 15(1), 1-23. Recuperado de http://journals.openedition.org/laboreal/1331
Lancman, S. & Jardim, T. (2004). O impacto da organização do trabalho na saúde mental: um estudo em psicodinâmica
do trabalho. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 15(2), 82-89. Recuperado de https://doi.
org/10.11606/issn.2238-6149.v15i2p82-89
Lancman, S. & Uchida, S. (2003). Trabalho e subjetividade: o olhar da psicodinâmica do trabalho. Cadernos de Psicologia
Social do Trabalho, 6, 79-90. Recuperado de http://www.periodicos.usp.br/cpst/article/view/25852/27584
Lourenço, L. C. (2010). Batendo a tranca: impactos do encarceramento em agentes penitenciários da Região
Metropolitana de Belo Horizonte. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, 3(10), 11-31.
Recuperado de https://revistas.ufrj.br/index.php/dilemas/article/view/7181/5760
Luhmann, N. (1988). Familiarity, confidence, trust: problems and alternatives. In D. Gambetta (Ed.), Trust: making and
breaking cooperative relations (pp. 94-108). New York: Blackwell.
Mendes A. M, Costa, V. P. & Barros, P. C. R. (2003). Estratégias de enfrentamento do sofrimento psíquico no trabalho
bancário. Estudos e Pesquisas em Psicologia, 3(1), 1-11.
Merlo, Á. R. C. & Mendes, A. M. B. (2009). Perspectivas do uso da psicodinâmica do trabalho no Brasil: teoria, pesquisa
e ação. Cadernos de Psicologia Social do trabalho, 12(2), 141-156. Recuperado de https://www.revistas.usp.br/cpst/
article/view/25746/27479
Santiago, E. S., Silva-Roosli, A. C. B. & Di Osti, N. M. (2017). O trabalho do agente penitenciário na vigilância
prisional: um estudo exploratório a partir das contribuições do ponto de vista da atividade. In R. S. Peres, F.
Hashimoto, M. M. Casadore & M. V. Braz (Orgs.), Sujeito contemporâneo, saúde e trabalho: múltiplos olhares
(pp. 355-373). São Carlos: EdUFSCar.
Santiago, E. (2019). Etnografia encarcerada: notas sobre modos de ser e viver no intramuros prisional. Revista Espaço
Acadêmico, 18(215), 32-43. Recuperado de http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/
article/view/46212
Scartazzini, L. & Borges, L. M. (2018). Condição psicossocial do agente penitenciário: uma revisão
teórica. Boletim-Academia Paulista de Psicologia, 38(94), 45-53. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-711X2018000100005&lng=pt&nrm=iso
Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (2016). Operários do cárcere: diagnóstico sobre a saúde e as condições de
trabalho agentes penitenciários no Paraná. Recuperado de http://www.sindarspen.org.br/upload/download/856
Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (2019, 27 de março). Por superlotação e falta de agentes na unidade,
presos precisam estourar portas da CCC pra fugir de incêndio. Recuperado de http://www.sindarspen.org.br/noticias/ler?link=por-superlotacao-e-falta-de-agentes-na-unidade-presos-precisam-estourar-portas-da-ccc-pra-fugir-de-incendio
Varella, D. (1999). Estação Carandiru. São Paulo: Companhia das Letras.
Vasconcelos, A. S. F. (2000). A saúde sob custódia: um estudo sobre agentes de segurança penitenciária no Rio de Janeiro.
(Dissertação de Mestrado). Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de
Janeiro, RJ, Brasil. Recuperado de https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/5181
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Eneida Santiago, Patrícia Aparecida Bortolloti, Amanda Garbim Bana

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e da publicação inicial nesta revista. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicado nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e da publicação inicial nesta revista. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.