Análise do trabalho na justiça trabalhista: o olhar da clínica da atividade
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.cpst.2023.203345Palavras-chave:
Saúde mental, Trabalho, Poder judiciárioResumo
O objetivo deste estudo é analisar o processo saúde-adoecimento mental de secretários de audiência do judiciário trabalhista da Paraíba, que acompanham os juízes nas audiências (contato com as partes, digitação dos termos, encaminhamentos). A clínica da atividade foi o aporte teórico-metodológico escolhido, com o uso da técnica de instrução ao sósia, complementada por entrevistas semiestruturadas e delineamento descritivo para informações sociodemográficas dos participantes. Destacamos como resultados: (a) as relações interpessoais laborais fomentaram ou desregularam a saúde mental dos trabalhadores; (b) o excesso de atribuições, o distanciamento dos pares e inexistência de pausas durante a execução das tarefas favoreceram vivências de sofrimento e impotência; (c) o enfraquecimento dos coletivos e do gênero profissional se relacionaram com a perda da saúde; por outro lado, (d) houve formas de escapar às limitações da atividade, pelos instrumentos criados pelos trabalhadores para se reinventarem e a personalizarem. A articulação entre os secretários de audiências enquanto coletivo de trabalho pode fomentar ações de proteção à saúde mental desses trabalhadores.
Downloads
Referências
Aguiar, W. M. J., Soares, J. R., & Machado, V. C. (2015). Núcleos de significação: Uma proposta histórico-dialética de apreensão das significações. Cadernos de Pesquisa, 45(155), 56-75. http://dx.doi.org/10.1590/198053142818.
Almeida, A. P. C., & Lima, M. E. A. (2017). A instrução ao sósia no contexto da pesquisa: Diferentes modos de apropriação do instrumento. Horizontes, 35(3), 58-70. https://doi.org/10.24933/horizontes.v35i3.521.
Amazarray, M. R., Oliveira, G. F., & Feijó, F. R. (2019). Contexto de trabalho e transtornos mentais comuns em trabalhadores do Judiciário Federal do Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Psicologia: Organizações e Trabalho, 19(3), 687-694.
http://dx.doi.org/10.17652/rpot/2019.3.16744.
Andrade, P. P. (2011). Sentimento de (in)justiça na Justiça: fatores (des)estruturantes de QVT sob a ótica dos servidores de um órgão do Poder Judiciário [Dissertação de mestrado, Universidade de Brasília]. Repositório institucional da UnB. https://repositorio.unb.br/handle/10482/10350.
Arenas, M. V. S. (2013). Assédio moral e saúde no trabalho do servidor público do judiciário: Implicações psicossociais [Tese de doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul]. Repositório digital UFRGS. https://lume.ufrgs.br/handle/10183/78677.
Barros, M. E. B., & Benevides, R. (2007). Da dor ao prazer no trabalho. In S. B. Santos-Filho & M. E. B. Barros (Org.), Trabalhador da saúde: Muito prazer! Protagonismo dos trabalhadores na gestão do trabalho em saúde (pp. 61-71). Unijuí.
Bauer, M.W., & Gaskell, G. (2008). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: Um manual prático. (7a ed.). Vozes.
Bendassolli, P. F. (2011). Mal estar no trabalho: do sofrimento ao poder de agir. Revista Mal Estar e Subjetividade, 11(1), 65-99. https://doi.org/10.1590/0102.3772e3651.
Bendassolli, P. F., & Soboll, L. A. P. (Orgs.). (2011). Clínicas do trabalho: Novas perspectivas para compreensão do trabalho na atualidade. Atlas.
Clot, Y. (2001). Clínica do trabalho, clínica do real (K. Santorum & S. L. Barker, Trads.). Le Journal des Psychologues, 185, 48-51.
Clot, Y. (2006). A função psicológica do trabalho. Vozes.
Clot, Y. (2010). Trabalho e poder de agir. Fabrefactum.
Clot, Y. (2013). O ofício como operador de saúde. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 16, 1-11.
https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v16ispe1p1-11.
Clot, Y., Bonnefond, J.-Y, Bonnemain, A., & Zittoun, M. (2021) Le prix du travail bien fait: La cooperation conflictuelle dans les organisations. La Découverte.
Clot, Y., & Gollac, M. (2014) Le travail peut-il devenir supportable? Armand Colin.
Fernandes, L. C., & Ferreira, M. C. (2015) Qualidade de vida no trabalho e risco de adoecimento: Estudo no poder judiciário brasileiro. Psicologia USP, 26(2), 296-306. https://doi.org/10.1590/0103-656420130011.
Fonseca, R. M. C., & Carlotto, M. S. (2011). Saúde mental e afastamento do trabalho em servidores do judiciário do estado do Rio Grande do Sul. Psicologia e Pesquisa, 5(2), 117-125. https://doi.org/10.24879/201100500200332.
Giannini, R., Sznelwar, L. I., Uchida, S., & Lancman, S. (2019). A cooperação como instrumento de enfrentamento do real: O caso dos magistrados do trabalho no Brasil. Laboreal, 15(1), 1-19. https://doi.org/10.4000/laboreal.1202.
Guérin, F., Laville, A., Daniellou, F., Duraffourg, J., & Kerguelen, A. (2005). Compreender o trabalho para transformá-lo: A prática da ergonomia. Edgard Blücher.
Mansur, J. E. A. (2016). Metas de produtividade no Poder Judiciário: Entre o aprimoramento da gestão e a potencialização dos riscos de assédio moral no trabalho. In B. Farah (Org.), Assédio moral e organizacional: Novas modulações do sofrimento psíquico nas empresas contemporâneas (pp. 107-123). LTr.
Osório da Silva, C. (2014). Pesquisa e intervenção em clínica da atividade: a análise do trabalho em movimento. In P. F. Bendassolli & L. A. P. Soboll (Org.), Métodos de pesquisa e intervenção em psicologia do trabalho: Clínicas do trabalho (pp. 82-99). Atlas.
Osório da Silva, C., & Ramminger, T. (2014). O trabalho como operador de saúde. Ciência e Saúde Coletiva, 19(12), 4751-4758. https://doi.org/10.1590/1413-812320141912.15212013.
Pai, D., Lautert, L., Tavares, J. P., Souza Filho, G. A. E., Dornelles, R. A. N., & Merlo, A. R. C. (2014). Repercussões da aceleração dos ritmos de trabalho na saúde dos servidores de um juizado especial. Saúde e Sociedade, 23, 942-952. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902014000300017.3.
Pooli, A., & Monteiro, J. (2018). Assédio moral no judiciário: Prevalência e repercussões na saúde dos trabalhadores. Revista Psicologia: Organizações e Trabalho, 18(2), 346-353 http://dx.doi.org/10.17652/rpot/2018.2.13516.
Rabardel, P., & Gouédard, C. (2012). Pouvoir d’agir et capacités d’agir: Une perspective méthodologique? Pistes 14(2), 1-29. https://doi.org/10.4000/pistes.2808.
Renault, S. R. T. (2005). A reforma do Poder Judiciário sob a ótica do governo federal. Revista do Serviço Público, 56(2), 127-136. https://doi.org/10.21874/rsp.v56i2.221.
Santos, M. (2006). Análise psicológica do trabalho: Dos conceitos aos métodos. Laboreal, 2(1), 1-12. https://doi.org/10.4000/laboreal.13678
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Rosane Helena Cardoso de Melo, Tatiana de Lucena Torres, Erick Idalino Moura, Jorge Tarcisio da Rocha Falcão
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by-nc/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e da publicação inicial nesta revista. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicado nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e da publicação inicial nesta revista. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.