MEMÓRIAS DAS TRINCHEIRAS: OS ANIMAIS NA LITERATURA DA GRANDE GUERRA
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v10i19p39-58Palavras-chave:
Primeira Guerra Mundial, homens, animais, trincheiras, memóriasResumo
Embora até recentemente o homem tenha detido o papel principal nos relatos sobre a Grande Guerra, a verdade é que os animais também foram atores diretos desse cenário bélico. No entanto, o contributo do soldado não-humano parece ter sido relegado para os bastidores deste teatro apocalíptico até às últimas décadas do século 20, altura em que se assiste a uma verdadeira revolução do pensamento ocidental relativamente à condição animal e sua relação com o humano. Neste contexto, o crescente interesse teórico e crítico pela condição animal e a sua revalorização ético-científica lançaram um novo olhar – não especista, nem antropocêntrico – sobre a atuação militar destes heróis marginalizados e a sua relação com os seus companheiros humanos, com quem partilharam o inferno das trincheiras. Com efeito, os grandes discursos contemporâneos sobre a animalidade, centrados na renegociação da cartografia humano-animal a partir de um descentramento antropológico, propõem uma releitura simbólica da presença do animal da Grande Guerra, amplamente celebrada pelos soldados nos seus escritos memorialísticos, que compõem o abundante corpus de literatura testemunhal do pós-guerra.
Downloads
Referências
ANICETO, Afonso; GOMES, Carlos de Matos. Portugal e a Grande guerra. 1914-1918, Lisboa: Quid Novi, 2010.
BARATAY, Éric. Bêtes des tranchées: des vécus oubliés. Paris: CNRS Éditions, 2013.
BARATAY, Éric. Le point de vue animal: une autre version de l’histoire. Paris: Éditions du Seuil, 2012.
DELHEZ, Jean-Claude. La France espione le monde (1914-1919). Paris: Ed. Economica, 2014.
DEREX, Jean-Michel. Héros oubliés: les animaux dans la grande guerre. Paris: Éditions Pierre de Taillac et Ministère de la Défense, 2014.
MARQUES, Isabel Pestana. Das trincheiras, com saudade: a vida quotidiana dos militares portugueses na primeira guerra mundial. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2008.
SAINT-BASTIEN, Jean-François, Les animaux dans la grande guerre, Tours, Éditions Sutton, 2014.
Bibliografia memorialística
CASIMIRO, Augusto. Nas trincheiras da Flandres. Porto: Edição da Renascença Portuguesa, 1918.
CASIMIRO, Augusto. Calvários da Flandres. Porto: Renascença Portuguesa, Rio de Janeiro: Luso-Brasiliana, 1920.
CHAGAS, João. Diário I – 1914. Lisboa: Livraria Editora, 1929.
FERREIRA, Menezes. João Ninguém: soldado da grande guerra. Lisboa: Livraria Portugal-Brasil, 1921.
FREITAS, Pedro de. As minhas recordações da grande guerra. Lisboa: L.C.G.G., 1935.
MONTEIRO, Quirino; Vieira, Melo. Gambúsios – Soldados da Grande Guerra. Lisboa: Portugália Editora, 1919.
MORAIS, João Pina de. Ao parapeito. Porto: Edição da Renancença Portuguesa, 1919.
MORAIS, João Pina de. O soldado-saudade na grande guerra. Porto: Renascença Portuguesa, 1919.
REMARQUE, Erich Maria. A oeste nada de novo. Trad. Mário C. Pires. Lisboa: Publicações Europa-América, 1971.
ROMA, Bento Esteves. Os portugueses nas trincheiras da Grande Guerra. Lisboa: Cruzada das Mulheres Portuguesas, 1921.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2018 Márcia Seabra Neves
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
O(s) autor(es) declara(m) automaticamente ao enviar um texto para publicação na revista Desassossego que o trabalho é de sua(s) autoria(s), assumindo total responsabilidade perante a lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, no caso de plágio ou difamação, obrigando-se a responder pela originalidade do trabalho, inclusive por citações, transcrições, uso de nomes de pessoas e lugares, referências histórias e bibliográficas e tudo o mais que tiver sido incorporado ao seu texto, eximindo, desde já a equipe da Revista, bem como os organismos editoriais a ela vinculados de quaisquer prejuízos ou danos.
O(s) autor(s) permanece(m) sendo o(s) detentor(es) dos direitos autorais de seu(s) texto(s), mas autoriza(m) a equipe da Revista Desassossego a revisar, editar e publicar o texto, podendo esta sugerir alterações sempre que necessário.
O autor(s) declara(m) que sobre o seu texto não recai ônus de qualquer espécie, assim como a inexistência de contratos editoriais vigentes que impeçam sua publicação na Revista Desassossego, responsabilizando-se por reivindicações futuras e eventuais perdas e danos. Os originais enviados devem ser inéditos e não devem ser submetidos à outra(s) revista(s) durante o processo de avaliação.
Em casos de coautoria com respectivos orientadores e outros, faz-se necessária uma declaração do coautor autorizando a publicação do texto.
Entende-se, portanto, com o ato de submissão de qualquer material à Revista Desassossego, a plena concordância com estes termos e com as Normas para elaboração e submissão de trabalhos. O não cumprimento desses itens ou o não enquadramento às normas editoriais resultará na recusa do material.